Médico que sobreviveu a queda de avião no MT segue internado

[Marcelo Areias]

Médico que sobreviveu a queda de avião no MT segue internado

THIAGO REIS
da Agência Folha

Um dia após ser resgatado em Sinop (482 km de Cuiabá-MT), onde o avião em que estava caiu matando duas pessoas, o médico Euler Presa, 27, ainda sente fortes dores nas costas. Foi por meio de rastreamento de ligações celulares feitas por Presa que as equipes de resgate localizaram a aeronave acidentada.

O impacto da aterrissagem forçada rendeu ao médico três vértebras quebradas, uma luxação e alguns dias de internação em UTI.

Sedado e em repouso, ele foi proibido pelos médicos de dar entrevistas na tarde desta quarta-feira. Realizou exames, como uma ressonância magnética, para avaliar o tratamento que terá de realizar. Ele está internado no Hospital São Mateus, na capital do Estado.

A irmã dele, Liana Presa, disse que o médico "ficou um pouco assustado, mas está bem, consciente". Ela contou detalhes das mais de 20 horas em que o irmão e os outros três sobreviventes aguardaram o resgate.

O avião monomotor Corisco transportava seis pessoas --entre elas um casal de gêmeos prematuros. Um dos bebês morreu. O piloto, Ademar Maciel da Silva, 55, também não resistiu aos ferimentos.

"Logo que o avião caiu, meu irmão achou que tinham sobrevivido ele e o Wagner [Vieira enfermeiro], porque os outros estavam desacordados. Ele também desacordou, porque só lembra de flashes, mas foi menos que o resto do pessoal."

"Quando ele voltou a si, tentou caminhar, mas não conseguiu levantar por causa da coluna. Engatinhando, quebrou o vidro do avião na mão. O Wagner, que já tinha fraturado as pernas, tentou ajudar se arrastando. Eles conseguiram então abrir a porta do avião, para tentar tirar a mãe e as crianças."

A irmã diz que, segundo o relato de Presa, o piloto do avião ainda tentou se salvar, mas não agüentou a espera. "Eles tentaram tirar o piloto, mas ele estava com o manche no abdômen --o que provocou um ferimento profundo-- e a cabeça, ele bateu na parte da frente do avião", diz.

"O piloto ainda conseguiu sair sozinho, mas devido ao tempo longo do resgate, ele acabou não sobrevivendo", afirma Liana.

Durante o tempo em que estiveram desaparecidos, os sobreviventes mal se mexeram, conta. "Meu irmão conseguiu engatinhar até a asa do avião, deitou lá, pegou o celular e conseguiu fazer duas ligações: uma para a namorada dele, a Fernanda, e outra para o Help Vida [empresa de assistência médica em que trabalha], com o resto que sobrou da bateria, que logo acabou. Foi coisa de Deus mesmo."

Segundo o irmão lhe disse, ficaram mais de 24 horas sem água, contando o período de vôo. "Quando ouviu o barulho do avião [da Aeronáutica], ele só conseguiu fazer uma coisa: acenar com uma camiseta."

Durante a manhã, Presa disse, em entrevista às TVs locais, que "foi tudo muito rápido". O médico afirmou que a asa direita do avião bateu em uma árvore e que "o baque foi muito forte".

A mãe dos bebês, Marlene Aparecida Amorim, com fratura na bacia, está internada em Sinop. Seu filho, de apenas nove dias, e o enfermeiro Wagner Vieira foram levados a Cuiabá. Todos passam bem.

[Marco SBCT]

E o ELT? Cadê?