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Delegado da companhia angolana para Portugal e Espanha Virgílio Dolbeth e Costa
Fotografia: Francisco Bernardo
A Taag espera aumentar o número de passageiros e duplicar a sua capacidade de transporte de carga, quando passar a operar com o Boeing 737-300 na rota Luanda/Lisboa/Luanda, a partir de Dezembro, revelou o delegado da companhia angolana de bandeira para Portugal e Espanha, Virgílio Dolbeth e Costa.
Em entrevista ao Jornal de Angola, o Virgílio Costa considerou o transporte de carga “um bom negócio para a Taag”. “Temos tido uma ocupação grande. Neste momento, temos uma capacidade de transporte de carga por voo na ordem das 20 toneladas e com este novo equipamento vamos ter uma capacidade de 30 a 40 toneladas de carga por voo”, disse.
Virgílio Costa considerou significativo o volume de exportações de Portugal para Angola, por causa, essencialmente, do crescente número de empresas portuguesas a operar no país. “Nós entendemos que num futuro breve Angola venha a fazer as suas exportações, mas neste momento importa e este volume vem de empresas a operar em Angola, principalmente no ramo da construção”, afirmou, acrescentando que com base em acordos com empresas que operam em Angola, “semanalmente temos tido muita carga para Luanda e outras províncias também”.
"Período de pico"
Com a chegada do mês de Dezembro e a aproximação da quadra festiva verifica-se um aumento na procura dos serviços da Taag e a rota Luanda/Lisboa é das mais solicitadas, face ao número de portugueses a trabalhar em Angola e também de angolanos que vão a Portugal passar o Natal com familiares.
Nessa época do ano os níveis de procura são tão elevados que o período acabou por ser baptizado pelos funcionários da companhia como “período de pico”, que nos últimos anos tem justificado a tomada de medidas excepcionais. O movimento inverso ocorre nas duas primeiras semanas de Janeiro.
“A partir do dia 15 de Dezembro vamos introduzir voos extras para fazer face à demanda na rota Luanda/Lisboa, e em Janeiro no sentido Lisboa/Luanda”, adiantou Virgílio Costa, afirmando que “isso é até histórico, atendendo ao número de expatriados que temos a trabalhar em Angola. Temos mais volume de passageiros no mês de Dezembro no percurso Luanda/Lisboa e ocorre o seu regresso em Janeiro”.
Segundo o delegado da Taag, este ano a companhia procura evitar situações de turbulência que se verificaram no passado: “Neste momento a situação está controlada. Temos os voos normalizados de acordo com o número de passageiros que nós temos já em reserva”, referiu o responsável, explicando que, por ser um movimento habitual e constante, a companhia tem reservas para Dezembro feitas desde o mês de Janeiro.
Voos extra
Além dessas dez frequências semanais que a Taag partilha com a TAP, na ordem de 20 frequências semanais, neste período excepcional, a companhia angolana vai introduzir na sua grelha de tráfego mais seis frequências, sendo quatro com destino a Lisboa e duas com destino ao Porto. “Como sabem, nós abrimos a escala do Porto, que tem sido um sucesso para nós, e no mês de Dezembro temos um acordo com a empresa Soares da Costa, em função do qual, desde há quatro anos, fazemos dois voos extra para eles”, revelou.
Mas a procura de lugares nos voos da Taag, especialmente no período de pico, continua a subir. E isso levou a que a direcção da companhia introduzisse outros dois voos extras. “Há aqui um acréscimo de frequências tanto para Lisboa como para o Porto, além das dez que nós realizamos regularmente”, afirmou.
Segundo Virgílio Costa, o movimento no sentido inverso (Lisboa/Luanda) é igualmente exigente para a companhia, que tem bem identificado o período em que precisa de reforçar a capacidade de resposta. “O regresso geralmente é no período entre 5 e 15 de Janeiro. Estes dez dias são preponderantes no regresso dos passageiros por causa do regresso ao trabalho ou às aulas e por isso são contempladas as mesmas frequências de Dezembro para o mesmo número de frequências em Janeiro, para que haja um equilíbrio de retornos sem sobressaltos.”
Bilhetes vendidos
Procurámos saber se, em função do número de reservas feitas para Dezembro desde o começo do ano, ainda havia lugares disponíveis para quem quisesse viajar para Lisboa com a Taag. “Creio que algures ainda teremos alguns lugares disponíveis para este período. Mas nós temos em registo nas nossas reservas para Dezembro, de empresas que o fizeram para os seus trabalhadores desde Janeiro. E realmente temos lugares vendidos e bilhetes emitidos”, confirmou o delegado da Taag que, no entanto, afirmou que a companhia “ainda dispõe de alguns lugares”.
Segundo Virgílio Costa, as pessoas que se decidam viajar para Lisboa à última hora ficam em desvantagem, porque ficam sujeitas a tarifas que não são as melhores. “São tarifas que estão de acordo com o período de pico. Desde o início do ano até Agosto grande parte dos passageiros conseguiu fazer reservas e usufruir das tarefas melhoradas e mais bonificadas que a Taag tinha”, disse o delegado, sublinhando que o que resta “são aquelas tarifas mais altas, a que ficam sujeitos aqueles que tardiamente se decidiram em fazer um programa de férias”.
Aposta vitoriosa na rota do Porto
Lisboa, cidade em que está situada a sede da delegação da Taag em Portugal, não é o único destino dos aviões da companhia angolana para aquele país da Europa. Em Julho, começou a explorar a rota Luanda/Porto, com o seu avião 777-200 ER. “O movimento para o Porto pode-se considerar bom”, disse Virgílio, realçando que a “abertura da rota do Porto foi no sentido de se optimizar o nosso serviço de passageiros para Portugal”.
O delegado da Taag disse que a companhia percebeu que havia “um vazio no norte” de Portugal, de onde vem a maioria dos trabalhadores das construtoras portuguesas que operam em Angola. “O norte gera um tráfego muito específico, em relação às construtoras. Estes passageiros saíam do Porto via Lisboa, tendo um número de horas até ao destino final bastante relevante, na ordem das 16 horas de voo”, disse Virgílio Costa, considerando que após introdução da nova frequência, reduzindo para sete horas de voo, “foi fantástico, porque conseguimos conquistar o mercado no norte de Portugal, não só em passageiros, mas também no transporte de carga”.
O melhor e o pior
Segundo Virgílio Costa, as operações da Taag em Portugal nunca foram tão boas como em 2009, ano em que a companhia deve ter batido todos os recordes em matéria de arrecadação de receitas, mas que acabou por não conseguir manter o desempenho no ano seguinte. “O ano de 2009 foi muito bom para a Taag em termos de receita. Em 2010 tivemos incidentes com os nossos Boeing 777-200, com problemas de motores, que infelizmente aconteceram no período natalício de 2010 e gerou forte quebra de receitas, irregularidades operacionais, com indemnizações inclusivamente.”
Com os incidentes a facturação baixou, porque a companhia teve que recorrer a aparelhos que não dispunham de classe executiva e primeira classe, o que afectou severamente as receitas. “Mas em Março deste ano já conseguimos melhorar a receita, pois conseguimos introduzir de novo os nossos aparelhos. Começámos a operar outra vez o nosso avião, as receitas começaram a subir, a ocupação subiu e tivemos meses excelentes”, afirmou o delegado, sem esconder a satisfação por voltar a aproximar-se dos indicadores de 2009.
Solidariedade
Virgílio Costa não tem dúvida de que a recuperação da companhia angolana de bandeira não se deveu, somente, ao empenho da direcção da empresa e dos seus funcionários. “Há uma grande solidariedade do angolano, do cidadão que nunca nos abandonou, mesmo nos anos mais difíceis.”
“Recordo ainda que na altura em que nós estivemos na lista negra e obrigados a operar com aviões que não eram nossos, sentimos que realmente houve esta solidariedade e esta vontade de ajudar a Taag a vencer”, afirmou o delegado da companhia, sublinhando que, apesar de tudo, os angolanos têm orgulho da sua companhia de bandeira.
Facilidade nos vistos
O delegado da Taag espera que a visita do primeiro-ministro português a Angola venha a resultar num incremento dos investimentos entre os dois países. “Estou optimista no sentido da melhoria das relações entre Portugal e Angola, no aspecto económico, pois é muito importante que aumente o número de empresas a operar em Angola, o que levará ao aumento do fluxo de passageiros a viajar entre os dois países”, disse.
Virgílio Costa considerou também uma mais-valia o acordo firmado com vista a agilizar o processo de aquisição de vistos de entrada nos dois países. “É uma medida que vai dar às companhias aéreas a possibilidade de aumentar o seu tráfego. Não é só o português que vai a Angola, mas também angolanos a virem a Portugal, com as mesmas facilidades de tirar o seu visto. Isto aumentará, sem dúvidas, o fluxo de passageiros nos dois sentidos e as companhias aéreas vão beneficiar.”