"Mercado decreta fim da Vasp"

[RockboyDF]

Aviação
Vasp com fim decretado

Theo Saad
Do Correio Braziliense


Vasp tem permissão para operar voôs fretados até abril


09/02/2005
08h13 - Empresários e especialistas do setor de aviação comercial e integrantes do governo duvidam que a Vasp volte a voar, mesmo que seja por meio de fretamentos (charters). Acreditam que a empresa perderá a concessão em abril, quando vence a atual prorrogação, feita em outubro. Isso porque a Viação Aérea São Paulo está sem condições de pagar (ou rolar) a dívida de R$ 2,1 bilhões com o governo e credores privados. Só assim teria a concessão renovada, porque precisa das Certidões Negativas de Débito.

As dificuldades financeiras se agravam com a perda das licenças de operação das últimas oito linhas. A empresa ficou sem geração de receita, o que se somou ao patrimônio líquido negativo (se vendesse todos os ativos, não quitaria as dívidas). Assim, para pagar os débitos a tempo, diz uma fonte, o dono da Vasp, Wagner Canhedo, teria de tirar dinheiro do bolso. Algo difícil, lembra a fonte, porque a maior parte dos bens do empresário estão bloqueados por serem garantia de compra de aviões.

Parte do que não estava bloqueado ele já vendeu, como uma projeção na Asa Norte, por R$ 11,5 milhões, para saldar uma dívida de R$ 9,5 milhões com duas divisões da General Eletric, que haviam pedido a falência da empresa. Vendeu, também, cerca de 30 mil cabeças de gado para saldar os salários dos seus funcionários e acabar com a greve deflagrada em setembro.

O próprio diretor-geral do Departamento de Aviação Civil (DAC), brigadeiro Jorge Godinho, sinalizou que a Vasp perderá a concessão. A saída aventada pelo DAC para que a empresa continue voando até elaborar um plano de reestruturação – e poder pleitear do governo o mesmo tratamento dado à Varig, também em situação delicadíssima – é de operação de charters. Mas há empecilhos. O primeiro é que Canhedo não quer atuar nesse segmento, que exige coordenação com agências de viagens turísticas. Apesar de pagar uma das melhores comissões do mercado, de 13% (ante 6% da média das demais “charteiras”), a relação entre a Vasp e as agências é atribulada e elas preferem, em geral, operar com a TAM Charter, Varig, Gol ou BRA.

A venda de bilhetes ficaria, então, dificultada, até porque a rede de agências próprias da Vasp não tem flexibilidade suficiente para se adaptar ao segmento de charters, diz um executivo de uma concorrente charteira, que prefere não ter o nome divulgado.
Além disso, os antigos aviões da Vasp exigem muita manutenção e têm alto consumo de combustível, tirando a competitividade da empresa. Um Boeing 737-200 (a Vasp tem 19), com capacidade para 108 passageiros, tem custo 40% mais alto por cliente transportado do que, por exemplo, o Boeing 737-300, de 148 lugares. “Uma empresa como a Vasp só dedicada ao mercado de charter não seria competitiva. Ela possui aeronaves que gastam muito combustível, têm um custo operacional muito alto”, explica André Castellini, sócio da da Bain & Co. Consultoria.

Outras empresas que operam vôos fretados, como a TAM Charter e a Varig, utilizam aviões que estariam parados naquele horário. “Elas usam à noite e nos fins de semana os aviões que durante o dia e na semana estariam em outras rotas. Então, o aluguel sai por um custo marginal, possibilitando passagem barata”, diz Castellini.

Para piorar, Canhedo não tem como renovar a frota, porque nenhuma empresa internacional de leasing de aeronaves está disposta a dar crédito à Vasp. Castellini afirma que o caminho “natural” é encerrar as operações. “Ela não é mais competitiva, nem no mercado regular nem no de charter, e não tem como aportar recursos”, diz. A única saída, conforme outro consultor, seria a entrada de um investidor, mas essa hipótese é remota.


Fonte: www.correioweb.com.br

[Bruno Geovane]

Realmente eu também acho que a Vasp não volta mais. Na minha opinião a Vasp só voltaria se tivesse novos donos que tivessem afim de investir na cia., investindo em marketing, renovação da frota, enfim novos investimentos que pudessem fazer com a Vasp se recolocasse no mercado.