Caros amigos,
Uma das coisas que mais afetam tripulantes e passageiros de aeronaves comerciais é o ar que se respira a bordo.
De fato, o ar da cabine de uma avião provêm dos motores, mais especificamente dos compressores, sangrados por válvulas (as bleed).
É certo que esse ar não é igual ao ar que respiramos aqui em terra. A pressão é bem mais baixa, equivalente a cerca de 8 mil pés. A umidade é muito baixa, equivalente à umidade de um deserto. A temperatura é agradável, em torno de 24 ou 25 graus.
Em um vôo curto, a qualidade do ar respirado a bordo não representa grande incômodo. Eventuais diferenças de pressão podem causar incômodo ou dores em passageiros mais sensíveis, ou com problemas como resfriado ou sinusite.
Em vôos longos, ou para os tripulantes, a qualidade do ar é importante. A falta de umidade é um problema maior que a baixa pressão, e é sentida na pele, no sistema respiratório e nas mucosas. Pode, inclusive, levar a um envelhecimento prematuro da pele dos tripulantes.
A recirculação de ar de cabine, adotada em aeronaves mais modernas, é um sistema dos mais controversos. A recirculação permite que menos ar seja sangrado dos compressores, o que aumenta a eficiência dos motores e reduz o consumo de combustível. Seus defensores (vide artigo do Ernesto Klotzel, logo abaixo), afirmam que o sistema traz vantagens, como o aumento da umidade a bordo.
Entretanto, pairam algumas dúvidas: A distribuição do ar recirculado é diferente conforme a área da aeronave: os tripulantes têm o ar renovado mais rapidamente, seguidos pelos passageiros da primeira classe e executiva. Se o ar recirculado fica com melhor qualidade, o povão da turística é que respira o ar melhor, mais úmido e mais confortável??
Passageiros muito voados que eu conheço afirmam que o ar respirado a bordo dos antigos Boeing 707 e DC-8 é melhor que o ar respirado nos B767 (muito citado como possuidor de atmosfera "insalubre") e MD-11, por exemplo).
Abro aqui a discussão. Coloco também o artigo do Klotzel como um argumento.
Um abraço.
Recirculação de ar: verdades e mitos
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- Constellation
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Recirculação de ar: verdades e mitos
Editado pela última vez por Constellation em Qui Dez 14, 2006 12:27, em um total de 1 vez.

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Artigo do Ernesto Klotzel
O Clima parou no tempo?
Nova tecnologia em filtros deve melhorar a qualidade do ar que se respira a bordo
Por ERNESTO KLOTZEL
"Os avanços tecnológicos que nos surpreendem em cada novo modelo de jato parecem passar ao largo dos sistemas de climatização - responsáveis pela pressurização e pelo condicionamento do ar nas cabines das aeronaves. Qualquer eventual avanço tecnológico em climatização precisa se render a um ar captado da alta atmosfera, a 50ºC negativos ou mais, contendo cerca de 20% do oxigênio que respiramos ao nível do mar e extremamente seco.
Este ar rarefeito é injetado na cabine por um sistema de compressão e embora "tratado" em termos de temperatura e densidade continua muito seco. O que não passa despercebido pela pele e pelas mucosas da maioria dos passageiros. Sua densidade é aumentada na cabine para o equivalente a 2.200 metros a 2.400 metros. - como o de uma visita a um resort de montanha. Esta "altitude artificial"pode, por si só, representar um eventual desconforto em um ou outro passageiro mais sensível, mas certamente concorre para a sensação de fadiga da maioria deles à medida que se acumulam as horas de vôo.
Mas o que traz a climatização à tona de tempos em tempos - principalmente quando de um surto epidêmico, como a recente gripe asiática - é o fato de que cerca 50% do ar de bordo é recirculado, o que é percebido erroneamente como sendo ar de "segunda mão". A recirculação do ar é um recurso econômico utilizado na maioria dos sistemas de condicionamento de ar, tanto na terra como no céu. Numa cabine, ela ainda ajuda a elevar um pouco o grau de umidade, justamente por já ter estado em contato com os passageiros.
Este "ar viciado" (como ainda é visto por muitos ) é renovado completamente a cada três minutos e enquanto circula a bordo, passa pelos mais poderosos filtros já desenvolvidos, eliminando quase completamente eventuais germes, microorganismos e poeiras. Conhecidos mundialmente como filtros HEPA (High Efficiency Particle Arrestor) são presença obrigatória nas salas de cirurgia. Os sistemas de climatização de bordo não mudaram muito desde o advento dos jatos comerciais. Então, podemos afirmar que a tecnologia do clima a bordo parou no tempo? Felizmente não, se nos basearmos nos aprimoramentos incorporados no novo e gigantesco Airbus A380 e no ainda mais recente Boeing 787 Dreamliner, que só voará em 2008.
O primeiro incorpora uma verdadeira usina de desodorização e eliminação dos mais ínfimos traços de produtos voláteis ainda presentes. Já o Dreamliner vai envolver cada passageiro com um ar mais denso, reduzindo a "altitude" da cabine de 2.200 metros a 2.400 metros para apenas 1.600 metros, o que, segundo a Boeing, deve reduzir a fadiga e aumentar o grau de umidade. O resto continua o mesmo para todos os passageiros e da maneira mais democrática possível - sem qualquer diferença de classes".
Ernesto Klotzel- é jornalista e especialista em aviação
Nova tecnologia em filtros deve melhorar a qualidade do ar que se respira a bordo
Por ERNESTO KLOTZEL
"Os avanços tecnológicos que nos surpreendem em cada novo modelo de jato parecem passar ao largo dos sistemas de climatização - responsáveis pela pressurização e pelo condicionamento do ar nas cabines das aeronaves. Qualquer eventual avanço tecnológico em climatização precisa se render a um ar captado da alta atmosfera, a 50ºC negativos ou mais, contendo cerca de 20% do oxigênio que respiramos ao nível do mar e extremamente seco.
Este ar rarefeito é injetado na cabine por um sistema de compressão e embora "tratado" em termos de temperatura e densidade continua muito seco. O que não passa despercebido pela pele e pelas mucosas da maioria dos passageiros. Sua densidade é aumentada na cabine para o equivalente a 2.200 metros a 2.400 metros. - como o de uma visita a um resort de montanha. Esta "altitude artificial"pode, por si só, representar um eventual desconforto em um ou outro passageiro mais sensível, mas certamente concorre para a sensação de fadiga da maioria deles à medida que se acumulam as horas de vôo.
Mas o que traz a climatização à tona de tempos em tempos - principalmente quando de um surto epidêmico, como a recente gripe asiática - é o fato de que cerca 50% do ar de bordo é recirculado, o que é percebido erroneamente como sendo ar de "segunda mão". A recirculação do ar é um recurso econômico utilizado na maioria dos sistemas de condicionamento de ar, tanto na terra como no céu. Numa cabine, ela ainda ajuda a elevar um pouco o grau de umidade, justamente por já ter estado em contato com os passageiros.
Este "ar viciado" (como ainda é visto por muitos ) é renovado completamente a cada três minutos e enquanto circula a bordo, passa pelos mais poderosos filtros já desenvolvidos, eliminando quase completamente eventuais germes, microorganismos e poeiras. Conhecidos mundialmente como filtros HEPA (High Efficiency Particle Arrestor) são presença obrigatória nas salas de cirurgia. Os sistemas de climatização de bordo não mudaram muito desde o advento dos jatos comerciais. Então, podemos afirmar que a tecnologia do clima a bordo parou no tempo? Felizmente não, se nos basearmos nos aprimoramentos incorporados no novo e gigantesco Airbus A380 e no ainda mais recente Boeing 787 Dreamliner, que só voará em 2008.
O primeiro incorpora uma verdadeira usina de desodorização e eliminação dos mais ínfimos traços de produtos voláteis ainda presentes. Já o Dreamliner vai envolver cada passageiro com um ar mais denso, reduzindo a "altitude" da cabine de 2.200 metros a 2.400 metros para apenas 1.600 metros, o que, segundo a Boeing, deve reduzir a fadiga e aumentar o grau de umidade. O resto continua o mesmo para todos os passageiros e da maneira mais democrática possível - sem qualquer diferença de classes".
Ernesto Klotzel- é jornalista e especialista em aviação

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Mesmo com toda a tecnologia, dicas simples como beber MUITO líquido ou - como eu faço - molhar de vez em quando o rosto, mãos e braços (secando-os depois com um papel-toalha, que também ajuda a tirar o excesso de oleosidade da pele - acumulado mais ainda dado o ar seco), já ajudam a aliviar o desconforto do ambiente pressurizado.
Atenciosamente
LuxuryLiner
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A/C
Ainda sou um pouco leigo no assunto, mas sei que, a cada ciclo de circulação do ar condicionado, 50% do ar e renovado e o restante retorna a cabine de passageiros. Falo isso pelos B737 NG.
um abraço a todos
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- Constellation
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Re: A/C
Bem vindo ao Aerofórum, Keiji.Keiji Kanno escreveu:Ainda sou um pouco leigo no assunto, mas sei que, a cada ciclo de circulação do ar condicionado, 50% do ar e renovado e o restante retorna a cabine de passageiros. Falo isso pelos B737 NG.
um abraço a todos
Um abraço.
