Sindicatos são contra demissões na Varig e criticam plano de

[Marcelo Areias]

Sindicatos são contra demissões na Varig e criticam plano de recuperação
FABIANA FUTEMA
da Folha Online

Os sindicatos de aeronautas e de aeroviários criticaram dois dos principais pontos do plano de recuperação da Varig, entregue hoje para o Tribunal de Justiça do Rio. O plano prevê a demissão de 13% da folha de pagamento da Varig, Rio Sul e Nordeste, composta por 12 mil funcionários. Outro ponto de divergência é a venda de 95% da VarigLog para o fundo norte-americano Matlin Patterson.

"Para nós, a empresa tem de crescer. Demitir funcionários e vender ativos significa diminuição das operações da Varig", disse a presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Graziella Baggio.

Para o presidente do Sindicato dos Aeroviários de São Paulo, Uébio José da Silva, o Bio, essas soluções não resolverão o problema de caixa da Varig. "Mesmo que venda a VarigLog, a Varig só tem caixa para sobreviver até dezembro. Depois disso, a companhia caminha para o mesmo fim da Vasp e da Transbrasil."

Baggio criticou a falta de soluções concretas para a dívida da Varig no plano apresentado para a Justiça. "O plano está apoiado em hipóteses. Na hipótese de vender a VarigLog, na hipótese de fazer um encontro de contas com o governo e na hipótese de encontrar investidores."

Segundo ela, essa falta de "soluções" não anima os funcionários, credores da Varig. "Falta a esse plano a principal coisa, que é investidor interessado em injetar recursos na Varig."

A presidente do Sindicato Nacional dos Aeroviários, Selma Balbino, disse que não sabe como a Varig fará o corte de pessoal. "A Varig já enxugou tudo que tinha para enxugar. Nos últimos dois PDVs (programas de demissão voluntária) foram mil pessoas. Vão botar quem na rua? A companhia já está funcionando enxuta."

A empresa fará uma apresentação do plano de recuperação às 10h de amanhã para os representantes dos trabalhadores.

O plano

O plano de recuperação entregue à Justiça hoje pela Varig prevê a criação de uma nova empresa, com o objetivo de atrair investidores. A Varig precisa reestruturar uma dívida de R$ 7,7 bilhões e conquistar investidores que possam atender às necessidades de fluxo de caixa de curto prazo.

A nova empresa a ser criada receberá parte dos ativos e das linhas aéreas da atual companhia e dividirá com ela, em forma de consórcio, a gestão e a operação da companhia. Para o passageiro ou para o usuário do programa de fidelidade Smiles, no entanto, não haverá mudanças.

Os credores atuais das empresas em recuperação poderão trocar as dívidas por participação na nova companhia. As empresas atuais e a nova funcionarão em forma de consórcio de companhias aéreas. Após a renegociação ou liquidação das dívidas, as empresas deverão ser integradas em uma única companhia. A FRB-Par --braço financeiro da Fundação Ruben Berta, que tem 87% da Varig-- terá seu controle diluído assumindo posição minoritária com a entrada de novo investidor.

A empresa pretende também transformar Guarulhos em sua principal estação operacional. A Varig pretende também reduzir a diversidade dos tipos de aeronaves que compõem sua frota. Atualmente a empresa trabalha com nove famílias de aeronaves e quer reduzir esse número para apenas três em 2008, uma para viagens de longa duração, uma para as de média duração e a terceira para viagens curtas.

A Varig promete manter a sua atual frota de 78 aeronaves, em manutenção. O plano dará continuidade ao programa de readequação do número de funcionários ao tamanho da frota. O programa teve início em 2002, quando a frota da empresa era de 118 aeronaves em operação. Desde então, houve redução de 20% do número de funcionários. Com isso, a empresa deverá cortar 13% da folha de pagamento da Varig, Rio Sul e Nordeste, composta por 12 mil funcionários, até o final de 2006.

O plano prevê ainda a revisão de rotas comerciais, novas operações em code-share e a conclusão da integração entre Rio Sul e Nordeste.