CRISE NO AR
Proposta ainda passará por colégio de funcionários do grupo, instância máxima de decisões da Fundação Ruben Berta
Acionistas aprovam venda da Varig Log
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
FABIANA FUTEMA
DA FOLHA ONLINE
BRUNO LIMA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os acionistas da Varig aprovaram ontem a venda de 95% da Varig Log (subsidiária de logística) ao fundo norte-americano Matlin Patterson. A operação está condicionada à aprovação pelo Colégio Deliberante da Fundação Ruben Berta, órgão máximo da entidade, formado por 145 funcionários.
A administração da FRB-Par Investimentos -braço financeiro da Fundação Ruben Berta, dona 87% da Varig- manifestou-se ontem favoravelmente à venda.
Segundo a Folha apurou, o "esquartejamento" do grupo Varig, com a venda em separado de subsidiárias como a Varig Log e a VEM (manutenção) desagrada a parte dos curadores da Fundação Ruben Berta. Pessoas ligadas à FRB afirmaram ontem que havia um racha entre os curadores da entidade. A palavra final da fundação, por determinação estatutária, é do colégio, que deve se reunir no próximo dia 20.
Entre os 21 acionistas presentes, quatro, segundo a Varig, votaram contra a proposta. Um deles, dono de 7,9% das ações ordinárias da companhia, foi a Inter- union Capitalização, que em 98 tornou-se administradora do Papa-Tudo, título que sofreu intervenção. A empresa, do carioca Arthur Osório Falk, atualmente está em liquidação judicial.
Além da Interunion, três acionistas individuais, o maior deles com 0,01%, rejeitaram a venda.
"Entendemos que a venda da Varig Log é um importante passo para a reestruturação da companhia", afirmou, após a reunião, o vice-presidente do Conselho de Administração da Varig, Eleazar de Carvalho Filho, que representou os defensores da proposta na assembléia. Ele não confirmou se o plano de venda da Varig Log faz parte do plano de recuperação da companhia que será apresentado à Justiça do Rio na segunda-feira, último dia do prazo.
Vários credores já se manifestaram contra a venda da Varig Log, entre eles o fundo Aerus e o Sindicato Nacional dos Aeronautas.
Credores
O Tribunal de Justiça do Rio informou que a decisão final sobre a operação caberá aos credores da Varig, que se reunirão no dia 24. Até lá, vários investidores também reapresentarão ofertas de compra da Varig à Justiça.
Todas as propostas alternativas serão comparadas com a que foi feita pelo fundo americano, que está disposto a pagar US$ 38 milhões pela Varig Log. A empresa foi avaliada em US$ 100 milhões, mas, desse valor, foi descontado seu passivo (US$ 60 milhões) e os 5% de ações que estão dados em garantia ao fundo de pensão dos empregados do grupo, o Aerus.
O fundo Matlin Patterson também está disposto a emprestar US$ 65 milhões à Varig por meio de um empréstimo lastreado numa operação de antecipação de recebíveis -referente à venda de passagens com cartão Visa.
O presidente do Conselho de Administração da Varig, David Zylbersztajn, negou que exista divergências com a FRB. "Como já era esperado, eles [acionistas] aprovaram a operação", disse.
Analistas do setor disseram à Folha que Zylbersztajn ameaçou deixar a Varig caso a proposta fosse rejeitada. "Existem tantos rumores. Nem levo em consideração", afirmou o executivo.
O plano de recuperação judicial da Varig será apresentado entre hoje e amanhã para a FRB. "É um plano de muita qualidade", disse Zylbersztajn. O executivo afirmou que nem ele teve acesso ainda à integra do documento. Na terça-feira, o mesmo plano será apresentado ao ministro da Defesa e vice-presidente, José Alencar.
O plano da Varig está sendo elaborado por três escritórios de advociacia, incluindo o escritório Sergio Bermudes, com o auxílio do banco suíço UBS e da Lufthansa Consulting. Cada um deles cuidará de uma das partes do plano. O UBS é responsável pela parte financeira. A Lufthansa se encarregou do formato da nova Varig.
A direção da Varig diz ter pressa em vender a Varig Log porque precisa de crédito imediato para sobreviver. O principla argumento usado pelo conselho de administração, no entanto, não existe mais. A empresa alegava que precisava do dinheiro para manter em dia o pagamento de contratos de leasing com companhias como a ILFC (International Lease Finance Corporation). Para evitar o arresto de 11 aviões, a Varig se comprometeu na Justiça dos EUA a pagar uma dívida de US$ 6 milhões à ILFC até o próximo dia 20.
A ida a Nova York da juíza Márcia Cunha, no entanto, teria conseguido prazo até 20 de outubro.
Acionistas aprovam venda da Varig Log (FSP 10/09/05)
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