Por Dionísio Birnfeld, advogado (OAB/RS nº 48.200)
Há cidadãos de segunda classe no aeroporto de Porto Alegre. Sim, de primeira e também de segunda classe, embora todos paguem a mesma taxa aeroportuária.
Pude, pessoalmente, constatar a conduta ilegal (e imoral) do poder público no trato de passageiros que se utilizam do antigo terminal do aeroporto Salgado Filho, reaberto para receber as operações das companhias Azul e Webjet.
No terminal novo, há farmácia, banco, lojas, poltronas confortáveis, vários bares e restaurantes, livraria, tabacaria e fingers (aqueles corredores móveis que se conectam à porta do avião e ligam o passageiro do prédio à aeronave). Todo o conforto por uma taxa de embarque de R$ 20,66. No terminal velho, não há nada disso, mas há um quiosquezinho improvisado onde pude tomar o café mais caro da minha vida (R$ 5,00, em um copo de plástico mole, destes de tomar água)...
Não há moleza para quem espera um voo, principalmente na hipótese de grande atraso, como aconteceu comigo. Leve de casa suas revistas e carregue desde logo seu remedinho para dor de cabeça, pois não serão encontrados por ali. Também é recomendável trazer à mão uma capa de chuva e vestir galochas. Viajantes que precisam chegar ao destino alinhados precisam estar atentos, pois seus sapatos e calças ficarão ensopados em dia de chuva forte.
E por quê? Porque o terminal velho não tem fingers.


Para piorar, tive o azar (ou burrice) de escolher uma poltrona na fila um no avião, exatamente junto à porta, onde tive o desprazer de esperar por quase trinta minutos até que a entrada fosse fechada, enquanto tomava chuva dentro da aeronave! É que o vento não respeita quem não tem finger...E eu também jamais imaginei que uma poltrona pudesse ficar tão, mas tão perto de uma porta de avião!

Quanto paguei por tudo isso? R$ 20,66! O mesmo que o passageiro paga para gozar de todo o conforto do terminal novo do Salgado Filho.

Não sei se as empresas que operam no velho terminal têm alguma culpa nisso, mas o fato é que, em Porto Alegre, só vale a pena ser transportado por elas se suas passagens forem muito mais baratas que as das outras companhias. No meu caso, nem por isso valia a pena, considerando-se o péssimo tratamento recebido no aeroporto e o preço nem tão mais em conta assim.

No aeroporto de Porto Alegre é possível sofrer muito pagando a mesma taxa de embarque de quem tem todo o conforto. Na quinta-feira passada (14) tive a certeza de que há muito ainda a ser feito em defesa do consumidor.
