Ultimamente tenho preferido manter um papel de leitor aqui no fórum

Qualquer que seja o Angolano que goste de aviação, gosta da TAAG. Lamentavelmente é inquestionável que a cia esta a atravessar como disse o seu porta-voz "A maior crise da sua existência".
A cia têm problemas profundos de governação e esta totalmente fraccionada, ninguém têm poder real, ninguém toma decisões, e quando elas são tomadas na pratica não são implementadas ou acatadas. Custa-me acreditar na incompetência do sr. Rui Carreira, o homem é piloto, e além da experiência de voo também têm experiência e formação superior em gestão + graduate school (se não estou em erro um MBA em França). O mesmo diria do resto da Administração (com algumas excepções

Bom ilustres participantes deste fórum, que fique bem claro que não é possível gerir nenhuma empresa nos moldes em que a TAAG o é, ou qualquer outra empresa com a complexidade técnica e de gestão que exige a aeronáutica ou outro negocio. Vejam o exemplo de outras empresas de transportes publicas, que não estão na lista negra apenas porque não existe uma lista negra no ramo em que elas operam (Ex. Caminhos de Ferro de Luanda, no qual todas a semanas morre uma pessoa atropelada na linha)

Detalhemos o modelo para quem não esta por dentro:
A TAAG como as outras empresas publicas, têm uma comissão executiva, liderada por Luís Pimentel de Araújo (presidente), administradores de pelouros: Joaquim Teixeira da Cunha, Adriano António Neto de Carvalho, Eufigénia da Purificação da Silva José Martins, Luís Eduardo dos Santos, Rui Paulo de Andrade Teles Carreira, Domingos Sebastião, Arlindo de Sousa e Silva, e Lourenço Manuel Gomes Neto. Caros leitores estes senhores acima listados possuem toneladas de experiência na aviação e sobre tudo na TAAG.Há aqui de entre outros um senão: NÃO SE TRATA DE UMA EQUIPA. Não é a equipa do presidente, foram nomeados em paralelo, cada um deles fazendo os seus "corredores". Ao contrario do que aconteceu na TAP quando Fernando Pinto impôs como condição para a sua contratação a inclusão da sua equipa, na TAAG TODOS possuem uma agenda diferente.
Caros senhores\ras, não é possível treinar uma equipa na qual cada jogador quer implementar a táctica que lhe é mais conveniente. Não é possível governar um barco sem rumo. Para quem gosta de futebol, para aonde vai o Mourinho vai o Silvino com o qual começou a trabalhar em 2002. Para quem gosta de motas como eu, aonde esta o Rossi esta o seu engenheiro Jeremy Burgess. Isso não é rocket science, é um principio de gestão: Temos de ter bons supervisores, bons lideres funcionais, bons directores, bons administradores, e estarem todos com a mesma missão e mesmos objectivos. No final temos de responsabilizar esta equipa pelos sucessos e fracassos da sua governação.
Problemática do Nepotismo em África:
Duas definições importantes para o enquadramento deste tópico (com todo o respeito, sei que todo mundo as conhece, é apenas para relembrar):
Nepotismo (do latim nepos, neto ou descendente) é o termo utilizado para designar o favorecimento de parentes em detrimento de pessoas mais qualificadas.
Lobby (do inglês lobby, ante-sala, corredor[1]) é o nome que se dá à atividade de pressão, muitas vezes individual, ostensiva ou velada, de se interferir nas decisões do poder público, em especial do Legislativo, em favor de interesses privados.
Caros participantes em todos os problemas existe uma cadeia de eventos, com menor gravidade e consequência há principio mas que forçosamente evoluem para níveis catastróficos com o tempo. O primeiro foi o tempo que o Ministério dos Transportes levou para nomear esta equipa, mesmo quando ela já havia retirado a empresa da lista negra EU. Qual era a dificuldade: Empossemos por favor este senhor e a sua equipa, e como disse acima responsabilizem-nos pelos sucessos e fracassos. (levou-se meses a tomar a decisão e gerou-se entretanto incertezas e jogos de bastidores).
Segundo Seguem-se então as consequências; incêndio no armazém de peças (É normal acontecerem incidentes, o que não é normal é não haver responsáveis nem pessoas a assumir os eventos). Aviões em condições deploráveis, alcatifas rotas e sujas, cadeiras e sistemas de entretenimento que não funcionavam, WC inoperantes, Ar-Condicionados inoperantes e mais (todos na frota 777 vivi pessoalmente todos estes problemas em voos em que viajava) atrasos em 90% dos voos, mais uma vez ninguém assumiu nada sendo o pretexto que o fornecedor dos interiores tinha falido e que não conseguiam substituir os componentes inoperantes. Bom para mim isto já cheirava a muito tempo a acidente, sobre tudo quando na Internet começaram a surgir emails de pilotos da TAAG a lavarem roupa suja. (Quem era da ex. Transafrik e quem não era, quem voava mais e quem não voava).
Caros leitores eis uma companhia na qual existe uma profunda desunião já enraizada: pilotos contra pilotos, mecânicos contra pilotos, ground personnel contra cabin crew enfim uma total falta de rumo.
Decisões de Estado - Decisões Difíceis:
A TAAG pertence ao estado, como tal cabe ao estado traçar os objectivos da companhia. Falou-se durante muito tempo em Refundação, palavra que no fundo era mais "cool" e que estava na boca de todos os políticos (não sei se sabiam ao certo o que é que isso implicava em termos de gestão). Em termos práticos refundar uma companhia, e caros leitores neste processo a TAAG teve o apoio dos melhores no mundo consultores da Mackenzie para citar alguns, passa por diagnosticar o estado de saúde da companhia, redefinir o objectivo e missão da companhia, e traçar um Business Plan com metas claras e alcançáveis.
No final de tudo se este Business Plan não tiver PESSOAS para o implementar de nada servirá. Vai ser apenas uma táctica de jogo teoricamente de sucesso mas que nunca foi comprovada. A companhia precisa de emagrecer, a sua gestão precisa de ser mais eficiente, ela precisa de um RUMO. Decisões difíceis para gestores de topo, as quais o accionista têm de ter a coragem de deixar os gestores trabalhar e apoiar as suas decisões. Nada mais nada menos.
Estou ainda a tentar perceber o resto deste carrossel que se chama TAAG, espero sinceramente que alguêm que decida finalmente perceba isso e tenha a coragem de tomar decisões, caso contrario teremos sempre um coelho a sair da cartola da TAAG para surpresa do simples passageiro ou publico em geral, que não esta dentro dos complexos processos de gestão de uma companhia aérea.
Espero que tenha dado um bocado mais de luz a quem constantemente se pergunta porque é que estas crises acontecem na TAAG.
1 ABC,
JC