Tanure. Mas, afinal, quem é este cidadão?
Enviado: Sáb Dez 17, 2005 18:20
Meus prezados:
O polêmico empresário que deseja a Varig
Tanure deu lance para adquirir a marca da companhia aérea por 10 anos
Leitor de Shakespeare, apreciador da música de Wagner e de Beethoven e um católico praticante. Nelson Tanure, o homem que entrou em acordo com a Fundação Ruben Berta para ser o novo dono da Varig, estudou Filosofia e História cristãs na Universidade Columbia, em Nova Iorque, e é definido por pessoas que o conhecem como "calmo e introspectivo", características que pouco combinam com sua fama no meio empresarial.
Aos 54 anos, atuando em ramos que vão da indústria naval a negócios em mídia, Tanure notabilizou-se por comprar empresas em situação difícil sem necessariamente conseguir recuperá-las, o que contribuiu para gerar apreensão no mercado quando se tornou público seu lance pela companhia aérea. "Pouco ortodoxa" foi o eufemismo mais ouvido para definir a proposta.
A intempestividade de seus movimentos para adquirir e se desfazer de empresas talvez ajude a explicar a trajetória meteórica desse empresário. Filho mais novo de um comerciante libanês, saiu em 1977 de Salvador com um curso de Administração de Empresas e fluência em inglês e francês para tentar a sorte no Rio como representante de grupos estrangeiros. Vinte e oito anos depois é dono de uma fortuna estimada em R$ 500 milhões.
Tanure não costuma conceder entrevistas, mas em um perfil seu, publicado à época das comemorações dos 110 anos do Jornal do Brasil, em 2001 - cujo controle foi assumido por Tanure no mesmo ano -, declarou que "a tarefa de reestruturar e consolidar o Jornal do Brasil" talvez fosse a última da sua vida empresarial, acrescentando que pretendia se dedicar à "vida contemplativa" antes de completar 60 anos.
Com a Varig, tudo que Tanure não terá será uma vida contemplativa. Para dois analistas de aviação ouvidos por Zero Hora, deve lançar mão de estratégias utilizadas em outras aquisições, como no Jornal do Brasil e na Gazeta Mercantil: demissões, amparado em uma forte estrutura de advogados especializados em travar disputas judiciais via liminares para adiar ao máximo qualquer tipo de pagamento. O lado de negociador frio e pragmático, atribuído ao católico Tanure no mundo dos negócios, deve surgir mais uma vez. Dos 12 mil funcionários, o quadro poderia passar para cerca de 8 mil.
- Tudo que Tanure não é é bobo. Ele certamente fez todos os cálculos para ter certeza, antes de dar seu lance, que apesar do patrimônio líquido negativo e do enorme endividamento existem meios de administrar a Varig. Do seu jeito, é claro - diz um consultor.
A proposta de US$ 112 milhões em 10 parcelas para "alugar" a administração da marca Varig por 10 anos foi considerada quase como piada por outros empresários. Um ex-assessor da companhia prevê:
- Ele dará a primeira parcela e vai tirar o resto de dentro da Varig.
Mesmo com sério risco de não se concretizar, pois há possibilidade de não receber aprovação dos credores da aérea, a transação conquistou o aval da Fundação Ruben Berta.
Agora, o homem dos negócios improváveis está próximo de tomar conta do que já foi a maior empresa aérea do país e ainda responsável por 75,29% do transporte de passageiros a destinos internacionais entre as brasileiras. O suficiente para deixar quem tem algum dinheiro a receber da empresa de cabelo em pé.
Turbulência
A controversa vida empresarial de Tanure:
> No início dos anos 70, teve uma empresa de empreendimentos imobiliários chamada Cinassa, que fechou.
> Partiu, no final dessa década para o ramo petrolífero, adquirindo a Sequip, companhia de equipamentos de petróleo.
> Nos anos 80, comprou a Sade, de equipamentos industriais. Mais tarde, durante o governo Collor, reportagens denunciaram que teria se aproveitado da amizade com a então ministra da Economia, Zélia Cardoso de Mello, para fazer fundos de pensão investir na Sade.
> Já no final dos 90, Nelson Tanure buscou o setor naval, criando a empresa Indústria Verolme Ishibrás (IVI), que construiu três unidades de produção de petróleo. O negócio fechou, segundo Tanure, devido à inviabilidade do setor provocada pelo governo.
> Em 1998, comprou a Docas, dona do controle do banco Boavista, que posteriormente seria vendido ao Bradesco. Tanure conseguiu embargar a venda na Justiça e levou R$ 130 milhões para sair do negócio.
> A entrada no setor de mídia ocorreu em 2001, com o arrendamento por 60 anos das marcas do Jornal do Brasil e da Gazeta Mercantil (em operação semelhante à oferecida à Varig). Como não assumiu diretamente os passivos - não é o dono do negócio, embora os controle -, Tanure procurou contestar ações de cobrança de dívidas fiscais e trabalhistas.
> Segundo a Associação dos Funcionários, Ex-Funcionários e Credores da Gazeta Mercantil, as ações contra a empresa atingem R$ 90 milhões. São cerca de 300 processos, 30 vitórias em primeira instância. A marca Gazeta Mercantil foi arrestada pelos funcionários, impedindo os administradores de transacioná-la.
> O estilo de fazer negócios não passou incólume por seus concorrentes. Tanure atrai adversários como o empresário German Efromovich, dono da Marítima Petróleo e Engenharia, da Ocean Air e da Avianca, que também manifestou interesse pela Varig. Procurada por ZH, a assessoria de Efromovich informou que ele não fala sobre o assunto Tanure-Varig.
> Depois de ter sido dono de mais de 30 empresas dos mais variados ramos, da construção de turbinas a academias de ginástica, hoje com a Docas, a Gazeta Mercantil e o JB, Tanure parte para tentar manter a Varig no ar.
Fonte: jornal "Zero Hora" 18 dez 2005
Um abraço e até mais...
Cláudio Severino da Silva
jambock@brturbo.com.br
O polêmico empresário que deseja a Varig
Tanure deu lance para adquirir a marca da companhia aérea por 10 anos
Leitor de Shakespeare, apreciador da música de Wagner e de Beethoven e um católico praticante. Nelson Tanure, o homem que entrou em acordo com a Fundação Ruben Berta para ser o novo dono da Varig, estudou Filosofia e História cristãs na Universidade Columbia, em Nova Iorque, e é definido por pessoas que o conhecem como "calmo e introspectivo", características que pouco combinam com sua fama no meio empresarial.
Aos 54 anos, atuando em ramos que vão da indústria naval a negócios em mídia, Tanure notabilizou-se por comprar empresas em situação difícil sem necessariamente conseguir recuperá-las, o que contribuiu para gerar apreensão no mercado quando se tornou público seu lance pela companhia aérea. "Pouco ortodoxa" foi o eufemismo mais ouvido para definir a proposta.
A intempestividade de seus movimentos para adquirir e se desfazer de empresas talvez ajude a explicar a trajetória meteórica desse empresário. Filho mais novo de um comerciante libanês, saiu em 1977 de Salvador com um curso de Administração de Empresas e fluência em inglês e francês para tentar a sorte no Rio como representante de grupos estrangeiros. Vinte e oito anos depois é dono de uma fortuna estimada em R$ 500 milhões.
Tanure não costuma conceder entrevistas, mas em um perfil seu, publicado à época das comemorações dos 110 anos do Jornal do Brasil, em 2001 - cujo controle foi assumido por Tanure no mesmo ano -, declarou que "a tarefa de reestruturar e consolidar o Jornal do Brasil" talvez fosse a última da sua vida empresarial, acrescentando que pretendia se dedicar à "vida contemplativa" antes de completar 60 anos.
Com a Varig, tudo que Tanure não terá será uma vida contemplativa. Para dois analistas de aviação ouvidos por Zero Hora, deve lançar mão de estratégias utilizadas em outras aquisições, como no Jornal do Brasil e na Gazeta Mercantil: demissões, amparado em uma forte estrutura de advogados especializados em travar disputas judiciais via liminares para adiar ao máximo qualquer tipo de pagamento. O lado de negociador frio e pragmático, atribuído ao católico Tanure no mundo dos negócios, deve surgir mais uma vez. Dos 12 mil funcionários, o quadro poderia passar para cerca de 8 mil.
- Tudo que Tanure não é é bobo. Ele certamente fez todos os cálculos para ter certeza, antes de dar seu lance, que apesar do patrimônio líquido negativo e do enorme endividamento existem meios de administrar a Varig. Do seu jeito, é claro - diz um consultor.
A proposta de US$ 112 milhões em 10 parcelas para "alugar" a administração da marca Varig por 10 anos foi considerada quase como piada por outros empresários. Um ex-assessor da companhia prevê:
- Ele dará a primeira parcela e vai tirar o resto de dentro da Varig.
Mesmo com sério risco de não se concretizar, pois há possibilidade de não receber aprovação dos credores da aérea, a transação conquistou o aval da Fundação Ruben Berta.
Agora, o homem dos negócios improváveis está próximo de tomar conta do que já foi a maior empresa aérea do país e ainda responsável por 75,29% do transporte de passageiros a destinos internacionais entre as brasileiras. O suficiente para deixar quem tem algum dinheiro a receber da empresa de cabelo em pé.
Turbulência
A controversa vida empresarial de Tanure:
> No início dos anos 70, teve uma empresa de empreendimentos imobiliários chamada Cinassa, que fechou.
> Partiu, no final dessa década para o ramo petrolífero, adquirindo a Sequip, companhia de equipamentos de petróleo.
> Nos anos 80, comprou a Sade, de equipamentos industriais. Mais tarde, durante o governo Collor, reportagens denunciaram que teria se aproveitado da amizade com a então ministra da Economia, Zélia Cardoso de Mello, para fazer fundos de pensão investir na Sade.
> Já no final dos 90, Nelson Tanure buscou o setor naval, criando a empresa Indústria Verolme Ishibrás (IVI), que construiu três unidades de produção de petróleo. O negócio fechou, segundo Tanure, devido à inviabilidade do setor provocada pelo governo.
> Em 1998, comprou a Docas, dona do controle do banco Boavista, que posteriormente seria vendido ao Bradesco. Tanure conseguiu embargar a venda na Justiça e levou R$ 130 milhões para sair do negócio.
> A entrada no setor de mídia ocorreu em 2001, com o arrendamento por 60 anos das marcas do Jornal do Brasil e da Gazeta Mercantil (em operação semelhante à oferecida à Varig). Como não assumiu diretamente os passivos - não é o dono do negócio, embora os controle -, Tanure procurou contestar ações de cobrança de dívidas fiscais e trabalhistas.
> Segundo a Associação dos Funcionários, Ex-Funcionários e Credores da Gazeta Mercantil, as ações contra a empresa atingem R$ 90 milhões. São cerca de 300 processos, 30 vitórias em primeira instância. A marca Gazeta Mercantil foi arrestada pelos funcionários, impedindo os administradores de transacioná-la.
> O estilo de fazer negócios não passou incólume por seus concorrentes. Tanure atrai adversários como o empresário German Efromovich, dono da Marítima Petróleo e Engenharia, da Ocean Air e da Avianca, que também manifestou interesse pela Varig. Procurada por ZH, a assessoria de Efromovich informou que ele não fala sobre o assunto Tanure-Varig.
> Depois de ter sido dono de mais de 30 empresas dos mais variados ramos, da construção de turbinas a academias de ginástica, hoje com a Docas, a Gazeta Mercantil e o JB, Tanure parte para tentar manter a Varig no ar.
Fonte: jornal "Zero Hora" 18 dez 2005
Um abraço e até mais...
Cláudio Severino da Silva
jambock@brturbo.com.br