Operação Bush muda vida do brasiliense
Recepção para presidente mudará a rotina de toda a cidade e mobilizará mais de 2.000 policiais, bombeiros e agentes
Cristiane Madeira
Mudará a rotina dos brasilienses para o fim de semana. Pistas bloqueadas, espaço aéreo monitorado, alteração nos horários de vôos e controle de barcos e lanchas no Lago Paranoá.
A Operação América, criada para receber em Brasília o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, é a maior já montada no Brasil para receber um chefe de Estado. Serão 500 homens da polícia federal, 1.200 policiais militares, além de equipes do exército, polícia civil, Corpo de Bombeiros, Detran-DF, Aeronáutica e Infraero.
Bush desembarca em Brasília no final da tarde de sábado, com a esposa, Laura Bush. O horário de chegada do avião é mantido em sigilo por questões de segurança, assim como o trajeto do presidente norte-americano ao hotel Blue Tree Park, onde ficará hospedado.
Dois barcos da polícia federal farão a segurança do hotel pelo Lago Paranoá. Será proibida a aproximação de barcos e lanchas do hotel durante todo o período da estada de Bush.
Pistas da cidade serão interditadas para o comboio presidencial deverá passar. O coronel Antonio Serra, comandante da operação da polícia militar, alerta que os civis deverão entender o motivo dos bloqueios. Ele aconselha seguir por outros caminhos ou esperar.
- Não acredito que trará muitos transtornos. As vias serão fechadas por cerca de 20 minutos, apenas para a passagem dos carros que vão compor a segurança de Bush. - esclarece.
No aeroporto, a rotina também sofrerá alterações. No horário de chegada do avião presidencial, não serão permitidos pousos e decolagens de outras aeronaves. A Infraero também providenciará esquemas de seguranças adicionais e sigilosos.
Manifestações - A Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) já preparou uma série de passeatas em protesto à vinda de Bush ao Brasil. Estarão reunidos em uma só marcha o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a União Nacional dos Estudantes (UNE), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), e outros movimentos.
A primeira manifestação está marcada para hoje, uma concentração em frente à Catedral de Brasília às 9h. De lá, seguirão para a embaixada dos Estados Unidos para ler a chamada carta dos movimentos sociais. A expectativa é de 10 mil participantes. O vice-presidente da UNE no Distrito Federal, Leandro Serqueira, promete um protesto-surpresa na rodoviária do Plano Piloto. De acordo com ele, será algo inédito e de muito impacto.
- Vamos preparar um protesto para Bush ver que não é bem-vindo aqui.
Serqueira acredita na necessidade de reforçar os protestos para questões consideradas centrais pelos movimentos, como a discussão contra a Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Eles também exigem, entre outras coisas, a retirada imediata das tropas norte-americanas do Iraque e do Afeganistão.
O secretário de política sindical da CUT, João Lopes, reafirma as questões observadas por Serqueira.
- Bush diz que mantém uma política de anti-terror, quando na verdade, o terrorista número um do mundo é ele - opina.
A polícia militar vai fazer a segurança dos locais por onde vão acontecer passeatas. O coronel Serra afirma que serão tomadas medidas, caso os protestos interfiram na segurança da comitiva.
- Protesto é um direito garantido pela constituição, mas desde que não interfira na segurança de ninguém e nem se transforme em caos - disse.
Para cada órgão da defesa civil foram designadas diferentes atribuições. A polícia federal ficará encarregada de cuidar da segurança física de George W. Bush. Aviões do comando de aviação operacional vão estar à postos no hangar do aeroporto para monitorar a chegada do avião, no sábado, e a partida, no domingo. Cães farejadores farão o trabalho de detectar explosivos e armas perto do presidente.
A Aeronáutica criará zona de exclusão aérea, ou seja, nenhuma aeronave, inclusive comercial, poderá voar sobre locais próximos ao hotel e lugares por onde a comitiva do presidente norte-americano deverá passar. Caças supersônicos F-5, acompanhados por aeronaves de reabastecimento em vôo, estarão em alerta por períodos específicos da visita. Bush ainda vem acompanhado por sua equipe anti-bombas e anti-guerra química.
Fonte:
www.jb.com.br