TAP quer reintegrar VEM e VarigLog à nova Varig

[Marcelo Areias]

TAP quer reintegrar VEM e VarigLog à nova Varig
FABIANA FUTEMA
da Folha Online

A aérea estatal portuguesa TAP quer comprar a VarigLog (cargas) e a VEM (manutenção), pertencentes à Varig, para futuramente reintegrar esses ativos à companhia brasileira. Essa disposição foi anunciada hoje, um dia depois da Fundação Ruben Berta (FRB) --controladora da Varig-- confirmar a escolha da TAP como parceira do processo de recuperação da aérea brasileira.

A reintegração da VarigLog e VEM ocorreria apenas na segunda etapa do processo de recuperação, que envolveria a entrada da TAP no controle acionário da Varig. "É intenção da TAP voltar a incorporar as sociedades VEM e VarigLog no universo Varig no âmbito da sua futura participação acionista", diz comunicado distribuído hoje pela estatal aérea portuguesa.

Na primeira fase, entretanto, a TAP quer comprar apenas a VarigLog e VEM. A estatal aérea portuguesa informou que as duas empresas são importantes para seus planos de expansão. A VEM, por exemplo, é considerada estratégica para os planos da TAP de contar com um centro de manutenção na América do Sul. "Também a VarigLog possui um grande potencial de desenvolvimento das operações de carga da transportadora aérea portuguesa", diz o comunicado da TAP.

Pela proposta, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) financiaria a TAP, que compraria a VarigLog e VEM pelo valor mínimo de US$ 62 milhões. Em 90 dias seria feita uma avaliação das duas companhias. Caso o valor delas ultrapassasse os US$ 62 milhões, o BNDES aportaria a diferença. A participação do BNDES se daria sempre na proporção de dois para um: dois terços do banco e um do investidor.

Segundo a TAP, a conclusão dessa etapa deve ocorrer 30 dias após a aquisição das VarigLog e VEM, quando "as partes acordarão definitivamente a avaliação das sociedades, sendo confirmada a posição da TAP como parceira estratégica nesta primeira fase do processo de reestruturação da Varig".

Toda essa operação exigirá a criação de FIP (Fundo de Investimento e Participações), que deve controlar uma SPE (Sociedade de Propósito Específico). O financiamento do BNDES em favor dos controladores dessa SPE será destinado à Varig, que poderá pagar suas dívidas de curto prazo. A proposta prevê ainda que todos os recursos aportados serão depositados em uma conta vinculada, com destinação específica para o pagamento das empresas de leasing.

A expectativa é que a Varig receba o depósito financeiro dessa operação até terça-feira, véspera da audiência com o juiz Robert Drain, da Corte de Nova York.

Nessa audiência, administradores da Varig, BNDES e TAP tentarão convencer o juiz sobre o potencial de recuperação da aérea brasileira e assim evitar que seja derrubada a liminar que impede o arresto dos aviões por falta de pagamento. Na última audiência, realizada em 24 de outubro, o juiz deu até 9 de novembro para a Varig apresentar um plano de investimentos.

Antes disso, na sexta-feira, o colégio deliberante da FRB --instância máxima da Varig-- vai se reunir para aprovar a escolha da TAP como parceira do projeto de recuperação. Em seguida, na segunda-feira, os credores votarão em assembléia o plano completo proposto pelo BNDES.

Investimentos futuros

Além da compra da VarigLog e VEM, a TAP se comprometeu a realizar no futuro uma antecipação de recebíveis para a Varig, com valor definido a ser definido.

A TAP também sinalizou com a possibilidade de investir outros US$ 500 milhões na Varig após a sua reestruturação com o objetivo de saldar a empresa e controlar seu capital acionário.

O presidente do conselho de curadores da FRB, Cesar Curi, disse que a proposta da TAP foi escolhida em razão das sinergias existentes entre as duas empresas. Entre elas está a participação das duas companhias na Star Alliance, uma aliança que permite às empresas aéreas compartilharem malha aérea, aeroportos e programas de milhagem.

"A TAP possui executivos com vasta experiência em aviação, muitos que já trabalharam na Varig, além de ter apresentado a melhor proposta do ponto de vista econômico-financeiro", disse Curi.