Aeródromo abaixo dos mínimos: quem decide se pousa?

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Fernando Basto
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Aeródromo abaixo dos mínimos: quem decide se pousa?

Mensagem por Fernando Basto »

Assunto iniciado no tópico do link: http://forum.aeroentusiasta.com.br/view ... =1&t=27685" onclick="window.open(this.href);return false;
everton_cwb escreveu:Update info: Vento calmo (0kt na 15 e 180º com 2kt na 33) e ele insiste em decolar da 33, mesmo que a pista em uso seja a 15. Achei estranho o jeito que ele questionou isso.
Taí uma curiosidade que eu tenho: quem decide de fato (e com a última palavra), qual melhor cabeceira para a decolagem / pouso ? O Captain ou o controlador ?

DETALHE: em 2006 eu estava no jump seat de um Boeing 737-700 da Gol, vindo de BSB e o controlador informou que o o GIG estava fechando, sendo que a decisão do pouso, seria do Comandante. Nós acabamos descendo, sob severas condições de vento e visibilidade, mas, realmente (eu vi) a decisão foi do Comandante, pedindo flap e 'geraldão' pro cô-pila ! Mas, no caso de CWB (como informado acima), se o Captain quizesse mesmo decolar da 33, poderia ???
Fernando Basto -
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Re: Take off - 15 ou 33 (CWB)

Mensagem por Phenom »

Fernando Basto escreveu:
Taí uma curiosidade que eu tenho: quem decide de fato (e com a última palavra), qual melhor cabeceira para a decolagem / pouso ? O Captain ou o controlador ?

DETALHE: em 2006 eu estava no jump seat de um Boeing 737-700 da Gol, vindo de BSB e o controlador informou que o o GIG estava fechando, sendo que a decisão do pouso, seria do Comandante. Nós acabamos descendo, sob severas condições de vento e visibilidade, mas, realmente (eu vi) a decisão foi do Comandante, pedindo flap e 'geraldão' pro cô-pila ! Mas, no caso de CWB (como informado acima), se o Captain quizesse mesmo decolar da 33, poderia ???
A decisão é do cmte desde que as condições não estejam abaixo dos mínimos IFR, fora isso ele que resolve.
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Constellation
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Re: [CWB] Aeronave da Avient no solo (DC10 ou MD11)

Mensagem por Constellation »

everton_cwb escreveu:Fernando Bastos, bom dia!

Talvez o aeroporto não estivesse "fechado" para pousos, pois quando o controlador da torre considera que o aeródromo está abaixo dos mínimos, nenhum avião comercial pode pousar.
O que poderia estar acontecendo era alguma condição de tempo severa (chuva e/ou vento forte), mas não houve restrição de visibilidade que atingisse os mínimos operacionais.
Everton,

Isso é um pouco relativo... o comandante pode assumir integralmente os riscos e pousar a aeronave. A legislação é um tanto dúbia quando o comandante assume o procedimento, mas ele geralmente sai limpo do negócio, quando dá certo, claro!

Eu nunca pousei com o aeroporto fechado, mas conheço vários casos em que o comandante "peitou" o procedimento, pousou e não aconteceu nada com ele. Inclusive, voos regulares da aviação comercial.

Já ouvi no rádio bate-boca entre controlador e comandante, qdo o mesmo afirmava estar vendo a pista e que ia pousar, e o controlador insistindo que não está vendo a aeronave, e que o aeroporto está fechado. No fim das contas, nada acontece, o avião pousa, os pax desembarcam normalmente e nenhuma penalidade é aplicada á tripulação.

Grande abraço.
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Re: [CWB] Aeronave da Avient no solo (DC10 ou MD11)

Mensagem por AeroEntusiasta »

Buenas.

Em 2001 no jump do TBA 1180 (B733 / PT-TEI) pousamos em Manaus com teto de 200ft devido ao nevoeiro. Na rampa do glide na curtíssima final, não se enxergava nada quando, de repente, um clarão do flash lights, em seguida a cabeceira e uns segundinhos o toque. Tudo para não ter que voltar a Belém, após um pinga-pinga procedente de Guarulhos e Fortaleza!

* Em tempo: na chegada em BEL arremetemos duas vezes devido a CB sobre o ad!

Esse foi um vôo inesquecível !
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[CWB] Aeronave da Avient no solo (DC10 ou MD11)

Mensagem por Fernando Basto »

AeroEntusiasta escreveu:Buenas.

Em 2001 no jump do TBA 1180 (B733 / PT-TEI) pousamos em Manaus com teto de 200ft devido ao nevoeiro. Na rampa do glide na curtíssima final, não se enxergava nada quando, de repente, um clarão do flash lights, em seguida a cabeceira e uns segundinhos o toque. Tudo para não ter que voltar a Belém, após um pinga-pinga procedente de Guarulhos e Fortaleza!

* Em tempo: na chegada em BEL arremetemos duas vezes devido a CB sobre o ad!

Esse foi um vôo inesquecível !
- Bota inesquecível nisso, Fábio ! Cara de SORTE, você !
No livro ' Memórias de um controlador de vôo ' do Maurício (EX-APP GIG) ele relata, situação semelhante (tendo havido um arranca-rabo parecido) com os do citado acima, pelo Ewerton!
Na época da 'RADAR' uma vez escutei no meu rádio, uma pequena divergência de entendimentos entre o controlador da Torre P'alegre e um Captain e eu rolei de rir. O cara ameaçou até subir lá na torre, pro 'vamos ver' ... :lol: :lol:
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Re: Aeródromo abaixo dos mínimos: quem decide se pousa?

Mensagem por Ericsson »

Aerodromo fechado para pousos .... nenhuma aeronave poderá iniciar o procedimento . Caso esteja dentro do procedimento poderá termina-lo .

Aerodromo fechado para decolagens ... pode-se decolar desde que se informe aerodromo de alternativa de decolagem , somente para jatos e
aeronaves turbo helices .

Não vale a pena peitar o controlador , é sinal de encrenca na companhia na certa . Se der certo e houver o pouso a empresa costuma esquecer
o episodio , caso negativo é sinonimo de esquentar cadeira na sala do chefe de equipamento .
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Re: Aeródromo abaixo dos mínimos: quem decide se pousa?

Mensagem por arthuramaral_CGR »

Relacionado ao assunto, hoje o AVIANCA6385 chegando a CGR, solicitou interceptar o ILS "por meios próprios".
O controle indagou se ele queria prosseguir visual...ele insistiu que gostaria de interceptar por meios próprios...
Entrou outra pessoa do controle na fonia - até de forma ríspida - dizendo que não existe procedimento de interceptar por meios próprios e sim prosseguir visual, se quiser...e que o controle não poderia autorizar o pedido...

Sempre os TAM e GOL solicitam e nunca teve problema...
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Re: Aeródromo abaixo dos mínimos: quem decide se pousa?

Mensagem por Constellation »

Amigos,

Ao que me parece, existe muita diferença entre o que é previsto nas normas e o que é cumprido ou autorizado na prática.

Grande abraço.
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Re: Aeródromo abaixo dos mínimos: quem decide se pousa?

Mensagem por arthuramaral_CGR »

Everton:

Essa é de hoje:
O TAM3772 estava como única aproximação, sob vetoração para o procedimento ILS Zulu da pista 06 e pediu se podia interceptar por meios próprios. O APP indagou se ele queria cancelar o plano IFR...Em seguida ele disse que não e que iria prosseguir sob vetores...
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Re: Aeródromo abaixo dos mínimos: quem decide se pousa?

Mensagem por arthuramaral_CGR »

O radar tá operando há mais de um ano já...

Também não entendi...
Resolveram enquadrar todos agora...
Quem solicitar interceptar por meios próprios eles vão cancelar o plano IFR...
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Re: Aeródromo abaixo dos mínimos: quem decide se pousa?

Mensagem por Bagatin »

Não sei se tem algum regulamento que os controladores tenham que seguir que os proibe de autorizar esse tipo de manobra. Na verdade até acho que alivia o trabalho do controlador porque deixa a responsabilidade de interceptar o ILS nas costas do piloto. Ao mesmo tempo, permite que o piloto se ajuste da forma que achar mais adequada e confortável.

De qualquer forma, acho que a situação se resolveria com um simples "Controle, autoriza mantermos proa XXX para interceptar o localizador?".

Abraços!

Luiz Henrique Bagatin
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Re: Aeródromo abaixo dos mínimos: quem decide se pousa?

Mensagem por Flight Deck »

Aerodromo fechado para decolagens ... pode-se decolar desde que se informe aerodromo de alternativa de decolagem , somente para jatos e aeronaves turbo helices.
O correto seria dizer “um aeródromo fechado para pouso”, pois se os mínimos para decolagem não precisam ser observados por certas aeronaves, então esses valores, no final, perdem o sentido.
Não me lembro de ter algo nas normas autorizando ou proibindo isso. Interceptar o ILS por meios próprios acho que não tem nada demais, salvo quando a aeronave estiver sob vetoração e o controlador esteja fazendo um sequenciamento, por exemplo. Fora isso, o que impede da aeronave interceptar o procedimento por meios próprios, ou seja, tomar uma proa para um ponto antes do Marcador Externo e interceptar sozinha a final pra pouso?
A responsabilidade final por qualquer decisão será sempre do controle de tráfego aéreo, e não cabe ao piloto qualquer tipo de argumentação, sob pena de cometer uma ou mais infrações de tráfego aéreo, entre elas a discussão na fonia.

O que ocorre no Brasil, desde a chegada das primeiras aeronaves equipadas com FMS e EFIS, é que houve um desvirtuamento do procedimento correto que deve ser empregado nas aproximações por instrumentos, tanto por parte dos pilotos quanto pelo lado dos controladores, quando foi instituida a chamada "aproximação inercial", que inexiste nos regulamentos. Ao sair de um gabarito pré-estabelecido, isto é, um procedimento padrão que foi estudado e aprovado pelas autoridades aeronáuticas e que serve de referência única para todos aqueles que estão diretamente e/ou indiretamente envolvidos, uma aeronave poderá, por exemplo, extrapolar os critérios para altitudes mínimas em determinados setores, que poderá se agravar a partir do momento que o sistema de navegação não efetuar os updates necessários para manter-se dentro da margem de erro, e ainda por cima o piloto é incapaz de notar esse desvio não intencional ou programado por ele. É importante salientar que nos equipamentos de FMS mais antigos, que não utilizam o GPS como referência (que mesmo assim devem ser monitorados), mas, sim, apenas o VOR e/ou o DME, é normal observar erros acumulados quando a aeronave envolvida na aproximação não vem conseguindo obter sinais confiáveis para a atualização, que no fim reverte na informação apresentada no ND (Navigation Display). Sendo assim, não é aceitável, portanto, que um piloto insista em se achar no direito de seguir a trajetória que lhe for mais conveniente, pois tal operação poderá colocar em risco sua própria navegação, além de poder afetar o vôo de outras aeronaves que chegam e saem em determinado espaço aéreo sem vigilância radar.

Pelo regulamento de tráfego aéreo, um piloto pode manter-se voando sob as regras IFR e executar uma aproximação visual, desde que autorizado pelo CTA, se o teto notificado não for inferior à altitude de início do procedimento de aproximação por instrumentos, ou se o piloto notificar, na descida para a altitude de início de procedimento ou em qualquer fase durante o procedimento de aproximação, que as condições sejam favoráveis para completar a aproximação visual e pousar. Nesse caso, o piloto pode usar a regra ao seu favor, porém, mais uma vez, de qualquer forma, a decisão final, a autorização, será do controle de tráfego aéreo.
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