.:: A e r o F ó r u m ::.

Como disse o Guimarães, os velhinhos demoram a responder. Todavia o "velhinho" aqui (sim afinal farei 59 anos no proximo 28.01 - falta um ano para ser "Sexagenário") acordou muito bem disposto e resolveu escrever.

Como informação para os mais novos do Forum, já existiu uma linha regular operada por Bristol Britannia e que passava pelo Brasil.

Era o vôo da Transcontinetal, empresa Argentina, que voava de B.Aires para New York com
aeronaves Bristol Brittania por ela nomeados "El Gigante Murmurante" ou "Whispering Giant".

Possuiu dois como segue:

c/n 12922 Srs.305 recebido como LV-PPJ re matriculado como LV-GJB

c/n 12923 Srs.305 recebido como LV-PPL re matriculado como LV-GJC

Os vôos eram:


Vôo TO500
3as/Sábados
EZE 18.00 CGH 21.00/22.00 GIG 23.00/24.00 CCS 06.45/07.45 NYC 15.30

Vôo TO501
5as/Domingos
NYC 19.00 CCS 02.30/03.30 GIG 12.15/13.15 CGH 14.15/15.15 EZE 18.15

Segundo o horário da TSA, o trecho NYC/CCS levava 6 horas e 10minutos,
NYC/GIG 15 horas e 30 minutos, NYC/CGH 17 horas e 30minutos e NYC/EZE 21 horas e 30minutos; contando o tempo de vôo e de solo e descontado o fuso horário.
O trecho CCS/NYC/CCS possuia restrições de tráfego.

O Brittania era também utilizado na linha EZE/SCL/EZE e aeronaves Curtiss C-46 nas linhas internas da Argentina e para MVD e ASU.

Lembro-me de ter visto uma vez a noite em CGH o Brittanina e fiquei impressionado como tamanho da aeronave e a decolagem da mesma que realmente causava pouco ruído.

No Rio os escritórios ficavam na Rua Francisco Serrador 2 e em São Paulo na Basílio da Gama 52.

A Transcontinental chegou a possuir 8 C-46, e, antes dos dois Britannias, utilizou dois L-1049H na linha para NYC. Nesta época operava em pool com a Real que também possuia L-1049H e efetuava vôos RIO/MIA.
Os L-1049H eram os c/n 4846 LV-FTU e c/n 4847 LV-FTV.

Começou suas operações em 15.03.1957 e parou de voar em 12.10.1961

Como curiosidade, me lembro que havia um tereno baldio do outro lado da Avenida, em frente a Ala Internacional de Congonhas, e a escada da Transcontinental ficou por lá abandonada um bom tempo.

Não sei se o Cursio lembra deste detalhe.

Starliner

Bom tarde amigos Forenses.

Caríssimo Starliner:

Sim, tive a oportunidade de ver o Bristol Britannia em operação em CGH por algumas vezes no ínicio de 1961. Como havia comprado um terreno onde moro até hoje, no final da década de 60, vinha nos finais de semana limpar o terreno para iniciar a construção da minha casa. Como naquela época o bairro do parque Jabaquara era novo, havia poucas casas. Então, tinha uma visão privilegiada da cabeceira 34(atualmente 35).
Duas ou três vezes ao notar um ruído estranho e ao olhar para a cabeceira vi por duas vezes somente a deriva do mesmo preste a iniciar a decolagem, mas... Como não havia obstáculo, via o mesmo curvando a esquerda após a decolagem tomando o rumo sul, obviamente seguindo para EZE. E em uma vez tive a oportunidade de vê-lo fazer o pião na cabeceira, desde a posição dois (hoje ponto de espera) até a posição três, alinhando para a decolagem e da mesma forma o via do outro lado já curvando para o sul do Paiz.
Apenas uma vez tive a oportunidade de vê-lo sair pela antiga cabeceira 16, ao vê-lo fiquei babando, pois nunca havia visto aquela máquina daquela forma, sobrevoando o Jabaquara. Como os ruídos da época eram dos DC-4 ou DC-6, Contellation, DC-7, às vezes de um Caravelle, ou mesmo dos turbo-helice, que operavam em CGH, então chamava a atenção quando das decolagens. O ruído diferente dos Britannia.
Apenas confirmado o que já foi expresso pelo amigo, os vôos da Transcontinental.

Timetable de 1960:

TO 500= 3ª, 5ª e sáb. EZE 15h30 CGH 18h30/19h30 GIG 20h30/21h30 CCS 04h15/05h15 New York Int. Airport 13h00.
TO 501= 2ª, 4ª e sáb. New York 18h00 CCS 00h45/01h45 GIG 11h30/12h30 CGH 13h45/14h45 EZE 17h45.
Sem direito de trafego entre CCS / New York / CCS.

Obs. Todos os vôos ida e volta chegam no dia seguinte

Esses vôos faziam conexão em Buenos Aires, para Montevidéu e Santiago del Chile.
TO 330= EZE 21h20 MVD 22h05
TO 301= MVD 09h15 EZE 10h00
TO 600= EZE 08h30 SCL 12h30
TO 701= SCL 10h30 EZE 13h45

Buenos Aires (EZE), Santiago del Chile (Los Cerrillos), Montevidéu (Carrasco), São Paulo (CGH), Rio de Janeiro (GIG), Caracas (CCS) Maiquetia e New York International Airport.

Segue foto do avião modelo Bristol Britannia, e abaixo segue características do mesmo:

http://img383.imageshack.us/img383/2366/img573od0.jpg

http://img210.imageshack.us/img210/7677/img575ze0.jpg

Abraços

Cursio

Relatos muito bons dos amigos Starliner e José Cursio a respeito do Britannia (e da Transcontinental), não sabia dessa operação regular no Brasil. Talvez em tamanho de aeronaves turboélices, ele rivalizava com os Electra II.

Se não me engano, a antiga Paraense chegou a cogitar a operar a aeronave, mas não foi para frente o projeto. No entanto, houve um folder em que um Britannia era pintado nas cores da empresa.

Crazy Spotter,
Realmente a Paraense chegou a tentar comprar Britannias e chegou publicar um anúncio na Revista "O Cruzeiro" snme em que aparecia um Britannia nas cores dela e falava sob o aval do BNDES para a compra, que acabou não se efetivando.
Os Brittanias , num total de tres, teriam sido estes:

c/n 12902 Srs.102 G-ANBA
Estava estacionado em Cambridge desde 21.11.1961. Foi para Heathrow
em 23.06.1963 para uma possível venda para a Paraense que não se concretizou. Lá ficou
até que foi para a Britannia A/W.

c/n 12911 Srs. 102 G-ANBJ
Estava estacionado em Cambrige desde 13.11.1962. Voou para LHR em 06.06.1963 para uma possível venda para a Paraense.Lá permaneceu até ser arrendado a Brittania A/W.

c/n 12913 Srs. 102 G-ANBL
Em Cambridge desde 29.11.1962. Voou para LHR em 19.07.1963 para possível venda para a Paranse. Arrendado a Britannia A/W.

Acredito que não chegou a haver uma reserva de matrículas Brasileiras para eles.
Segundo me consta o BNDES não forneceu o financiamento requerido e a compra não pode ser efetivada.

Já ouvi dizer também que a Paraense também pensou em comprar Electras mas não sei se isto é verdade.

Starliner

O Bristol Britannia 300 foi o primeiro turboélice comercial transoceânico do mundo. Operado também pela Caledonian e BOAC.

Características técnicas:
Comprimento: 37,87m
Envergadura: 43,36m
Altura: 11,43m
Motores/empuxo: 4 turboélices Bristol Proteus (4120 ehp)
Peso máx. decolagem: 83.915 Kg
Veloc. cruzeiro: 575 Km/h
MMO/VMO: 639 km/h
Alcance: 6869 km
Tripulação: 3
Passageiros: 110
Primeiro vôo: AGO 1952
Encomendas: 84
Entregues: 84
Em operação: 0

Que baita aviao, tem motores enormes, gosto muito desse estilo de aviao, os ingleses sao sempre diferentes.
Gostaria de saber como era a configuração dos passageiros, alguem teria fotos interna?

paulo roberto machado escreveu:Que baita aviao, tem motores enormes, gosto muito desse estilo de aviao, os ingleses sao sempre diferentes.
Gostaria de saber como era a configuração dos passageiros, alguem teria fotos interna?

No Airliners.net tem foto da configuração interna (3x3) do Britannia 175 de prefixo G-AOVT.

Caros colegas,

Folheando uma Flap de 2001 (nº. 348) eis que encontro uma reportagem histórica sobre a Paraense. E lá encontrei algumas infos e fotomontagens do Britannia nas cores da Paraense:

- A Paraense cogitou operar os Britannia em 1964, solicitando aval do DAC (lembremos que na época nenhuma aeronave poderia ser comprada sem a permissão do DAC). Também não encontrou alguém que financiasse a aeronave. Colocou anúncios na mídia como uma forma de pressionar o governo a liberar a importação de aeronaves;

- Depois que recebeus os FH-227 Hirondelle, a Paraense pensou substituir 2 deles por Electras II, mas adequado ao perfil de rotas e por ser mais robusto.

Uma maquete nas cores da Paraense
http://s269.photobucket.com/albums/jj68 ... lap001.jpg

Anúncio do Britannia
http://s269.photobucket.com/albums/jj68 ... t=flap.jpg

Este anúncio do Britannia émuito interessane, pois este "hangar" que aparece snme era o Hangar da BOAC.
Outra coisa interessante a Paraense costumava usar na propaganda a matricula PP-PTA (Paraense Transportes Aéreos), segundo as más línguas significava "Pobre Também Avoa".....isto porque a Paraense tinha tarifas mais baixas.

Starliner

A Canadian Pacific também utilizou os Brittanias na linha do pacífico, até Sidiney.

Bom dia amigos Forenses.

Somente como ilustração do que já informado pelos amigos, Starliner e Grasy Spotter.
Materia publicada na revista Flap Internacional nº 348.

http://img105.imageshack.us/img105/3539/img667jn4.jpg

Abraços

Cursio