Auditoria do DAC pode parar Vasp hoje
Enviado: Qua Jan 26, 2005 13:11
Auditoria do DAC pode parar Vasp hoje
Após reunião com Alencar em Brasília, Canhedo diz que segue voando, mas governo duvida de capacidade da empresa
A Vasp poderá ter ainda hoje a sua sentença de morte, dependendo dos resultados da auditoria que o DAC (Departamento de Aviação Civil), órgão que regula o setor, está fazendo desde ontem, in loco, na companhia. Das cerca de 140 linhas que tinha no ano passado, a aérea só está operando oito e precisa comprovar que tem capacidade para mantê-las.
Conforme a Folha apurou, o governo considera "um blefe" a afirmação do dono da Vasp, Wagner Canhedo, de que continuaria cancelando vôos com menos de 50% de ocupação durante mais 15 dias. Acha que ele não tem como retomá-los e que, se há alguma sobrevida para a companhia, é transformar esses vôos em "charter", ou seja, fretados.
Pelas regras dos contratos aéreos, os vôos regulares só podem ser cancelados em caso de problemas na aeronave ou no aeroporto, mas os "charter" não têm essas limitações. Podem ser suspensos ou atrasados com mais facilidade.
O governo é responsável tanto pela concessão para uma empresa poder voar quanto das linhas que ela vai operar. O que é possível agora, diante dos resultados da auditoria, é que o governo suspenda as derradeiras linhas que restam à Vasp. Já a cassação da concessão de voar é considerada uma hipótese mais remota.
Ontem, Canhedo se reuniu em Brasília com o ministro da Defesa, José Alencar, o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos Bueno, e representantes do DAC e da Infraero.
à saída, em entrevistas tumultuadas e tensas, eles tiveram abordagens diferentes.
O brigadeiro Bueno chegou a dizer que o governo não tinha condições de impedir a Vasp de cancelar vôos por baixa ocupação: "A gente não pode proibir que não aconteça [cancelamento de vôos]. Não podemos". Depois, acrescentou: "A auditoria [que o governo faz na empresa aérea] vai chegar a uma conclusão". Alencar disse o contrário: "Concessão tem que ser cumprida, um vôo para não sair tem que ter um problema maior, tipo tempestade ou pane".
Questionado sobre a possibilidade de cancelamento da própria concessão da Vasp, e não apenas de linhas, Bueno praticamente descartou a hipótese: "Não acredito que haja essa medida maior".
Na mesma linha comedida, Alencar acrescentou: "Tenho o maior apreço por todos os concessionários e eu não estou aqui para fazer um trabalho de terrorismo contra qualquer um deles".
Segundo ele, Canhedo informou que os Correios têm uma dívida de cerca de R$ 29 milhões com a Vasp, e esse dinheiro poderia ser usado para quitar as dívidas da empresa com a Infraero. Os Correios não comentaram.
Canhedo informou que manterá a política de cancelamento dos vôos de baixa ocupação por mais 15 dias, disse que a Vasp "está operando normalmente" os vôos com ocupação de mais de 50% e que já ressarciu os passageiros que não voaram. Para ele, a imprensa faz "sensacionalismo".
Em São Paulo, na sede da Vasp, técnicos do DAC realizaram uma verdadeira devassa na parte administrativa da empresa, incluindo a área financeira. O objetivo, segundo o órgão, é determinar se a Vasp tem ou não condições de cumprir os vôos das linhas para as quais tem autorização.
Um parecer sobre a auditoria deve ser divulgado hoje.
A Vasp ontem cancelou quatro vôos que sairiam de Guarulhos e operou apenas um. (Eliane Cantanhêde e Humberto Medina)
Fonte: Folha de S. Paulo - 26/01/2005
Após reunião com Alencar em Brasília, Canhedo diz que segue voando, mas governo duvida de capacidade da empresa
A Vasp poderá ter ainda hoje a sua sentença de morte, dependendo dos resultados da auditoria que o DAC (Departamento de Aviação Civil), órgão que regula o setor, está fazendo desde ontem, in loco, na companhia. Das cerca de 140 linhas que tinha no ano passado, a aérea só está operando oito e precisa comprovar que tem capacidade para mantê-las.
Conforme a Folha apurou, o governo considera "um blefe" a afirmação do dono da Vasp, Wagner Canhedo, de que continuaria cancelando vôos com menos de 50% de ocupação durante mais 15 dias. Acha que ele não tem como retomá-los e que, se há alguma sobrevida para a companhia, é transformar esses vôos em "charter", ou seja, fretados.
Pelas regras dos contratos aéreos, os vôos regulares só podem ser cancelados em caso de problemas na aeronave ou no aeroporto, mas os "charter" não têm essas limitações. Podem ser suspensos ou atrasados com mais facilidade.
O governo é responsável tanto pela concessão para uma empresa poder voar quanto das linhas que ela vai operar. O que é possível agora, diante dos resultados da auditoria, é que o governo suspenda as derradeiras linhas que restam à Vasp. Já a cassação da concessão de voar é considerada uma hipótese mais remota.
Ontem, Canhedo se reuniu em Brasília com o ministro da Defesa, José Alencar, o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos Bueno, e representantes do DAC e da Infraero.
à saída, em entrevistas tumultuadas e tensas, eles tiveram abordagens diferentes.
O brigadeiro Bueno chegou a dizer que o governo não tinha condições de impedir a Vasp de cancelar vôos por baixa ocupação: "A gente não pode proibir que não aconteça [cancelamento de vôos]. Não podemos". Depois, acrescentou: "A auditoria [que o governo faz na empresa aérea] vai chegar a uma conclusão". Alencar disse o contrário: "Concessão tem que ser cumprida, um vôo para não sair tem que ter um problema maior, tipo tempestade ou pane".
Questionado sobre a possibilidade de cancelamento da própria concessão da Vasp, e não apenas de linhas, Bueno praticamente descartou a hipótese: "Não acredito que haja essa medida maior".
Na mesma linha comedida, Alencar acrescentou: "Tenho o maior apreço por todos os concessionários e eu não estou aqui para fazer um trabalho de terrorismo contra qualquer um deles".
Segundo ele, Canhedo informou que os Correios têm uma dívida de cerca de R$ 29 milhões com a Vasp, e esse dinheiro poderia ser usado para quitar as dívidas da empresa com a Infraero. Os Correios não comentaram.
Canhedo informou que manterá a política de cancelamento dos vôos de baixa ocupação por mais 15 dias, disse que a Vasp "está operando normalmente" os vôos com ocupação de mais de 50% e que já ressarciu os passageiros que não voaram. Para ele, a imprensa faz "sensacionalismo".
Em São Paulo, na sede da Vasp, técnicos do DAC realizaram uma verdadeira devassa na parte administrativa da empresa, incluindo a área financeira. O objetivo, segundo o órgão, é determinar se a Vasp tem ou não condições de cumprir os vôos das linhas para as quais tem autorização.
Um parecer sobre a auditoria deve ser divulgado hoje.
A Vasp ontem cancelou quatro vôos que sairiam de Guarulhos e operou apenas um. (Eliane Cantanhêde e Humberto Medina)
Fonte: Folha de S. Paulo - 26/01/2005