Starliner escreveu:
Vai a lista de CV-440 com matrículas Brasileiras:
....
PP-YRM 500
PP-YRN 501....
Starliner
Prezado
Starliner. Parabéns pela pesquisa mas, segundo a revista "FLAP INTERNACIONAL" mar/abr 1997, estas duas aeronaves não chegaram a ser entregues à Real Aerovias. O que, em absoluto, tira o brilho do teu trabalho!
Uma das anedotas mais interessantes a respeito dos Convair e sua operação no Brasil é a que se refere ao primeiro pouso de uma destas aeronaves na recém-asfaltada pista do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre. Diz o Cmte. Bordini, em seu livro
Céus Desconhecidos: "Os Convair não operavam em pistas de terra ou grama e enquanto não ficasse pronta a pista do Salgado Filho , os aviões operavam na Base Aérea de Canoas, construída sobre o antigo aeródromo da Air France, ao norte do Rio Gravataí, e porisso chamada de "pista de Gravataí."
"Essa operação era incômoda para os usuários e empresa, pois significava mais tempo de deslocamento para todos e o inconveniente de manter um setor de manutenção distante das oficinas da VARIG. Por isso havia urgência na inauguração da nova pista do Salgado Filho e, nem bem tinha secado o concreto, já a VARIG programara um vôo inaugural com o CV 240, do Rio a Porto Alegre, convidando o Diretor-Geral do DAC e vários outros Brigadeiros, acompanhados pelo seu Presidente, sr. Ruben Berta.
Nessa ocasião, a Real tinha recém recebido sua última aquisição, o Convair 340, um modelo mais moderno do que os da VARIG, com os mesmos motores, mas zero quilômetro, de fábrica. Como já havia grande rivalidade entre as duas empresas, no dia da inauguração da nova pista de POA, a direção da Real programou um vôo São Paulo/Porto Alegre com o novo avião, de forma que o 340 chegasse sobre o Salgado Filho antes do avião da VARIG. Assim, o avião da Real chegaria primeiro e inauguraria a pista, frustrando as intenções festivas da Presidência da VARIG que, afinal, era em grande parte a autora da nova pista.
E assim aconteceu. O avião da Real sobrevoou o aeroporto de Porto Alegre antes da chegada do Convair da VARIG e o comandante, devidamente instruído pelo Presidente da Real, pediu à torre de controle instruções para o pouso. Mas o pessoal da torre sabia que o VARIG chegaria daí a quinze minutos, trazendo as autoridades que iriam inaugurar a pista. Por isso, deu instruções ao Real que aguardase a chegada do VARIG, circulando o aeroporto. Sua prioridade de pouso era a nº 2. Houve protestos do comandante do Real, que de nada adiantaram. Ele poderia pousar em Gravataí mas, contrariado, decidiu aguardar a chegada do VARIG.
O CV 240 tinha freio hidráulico nas quatro rodas principais, acionado pelos pedais dos pilotos e um freio de emergência pneumático, acionado por meio de uma válvula, cujo comando estava ao alcance das mãos do piloto. Quando acionada, uma forte pressão atuava nos freios, bloqueando as rodas. Fazia parte do cheque anterior ao pouso acionar essa válvula para ver se havia pressão de ar, e logo depois desligá-la, liberando a pressão, de sorte que as rodas, livres, começassem a rodar quando tocassem a pista, sendo depois freiadas gradativamente através do freio hidráulico normal e de acordo com a necessidade.
Eis que chega o Convair da VARIG recheado de autoridades. Circulou duas vezes o aeroporto para que todos pudessem ver as obras da nova pista e, enfim, entrou na reta final de pouso. Aparentemente o piloto acionou a válvula de pressão pneumática e
a esqueceu ligada, ou seja, as rodas do avião ficaram totalmente bloqueadas. Com isso, ao tocarem a virgem e áspera superfície de concreto, ao invés de girarem livremente naquele primeiro toque de rodas de avião na pista intocada, seu pneus arrastaram-se por uma distância de uns 50 metros, gastando toda a capa de borracha, atingindo as lonas que estouraram e continuando o avião por mais alguns metros, deslizando sobre os aros das rodas que foram também danificados.
Foi certamente um pouso com grande desaceleração, o que foi notado por todos. O avião ficou paralisado no meio da pista, a uns 500 metros do seu início e, passada a perplexidade e os primeiros ímpetos de raiva de Berta, tiveram os ocupantes de desembarcar no meio da pista e seguir de ônibus para o terminal. O avião ficou onde estava e a pista foi imediatamente interditada para qualquer avião - até que a manutenção trocasse as quatro rodas do Convair, o que levou algumas horas. O avião da Real foi desviado para Gravataí. A pista de POA ficou indelevelmente inaugurada, com quatro riscos de borracha preta vulcanizada no virgem concreto pelo calor do atrito.
Esses riscos, dizia-se depois nas rodas variguianas, eram a rubrica pessoal do primeiro piloto que pousou na nova pista do Salgado Filho, em Porto Alegre."
fonte: revista "FLAP Internacional" mar/abr 1997
Um abraço e
FELIZ ANO NOVO!
Cláudio Severino da Silva
jambock@brturbo.com.br