Avianca perde na Justiça mais um avião e passa a ter só cinco aeronaves
Empresa de leasing Wells Fargo alegou dívidas superiores a US$ 2 milhões. Companhia aérea tem cinco dias para cumprir decisão
Leo Branco 09/05/2019 - 17:31 / Atualizado em 09/05/2019 - 17:49
SÃO PAULO – A empresa americana de leasing de aviões Wells Fargo conseguiu na Justiça nesta quinta-feira a retomada de um avião alugado à Avianca Brasil. Com isso, a frota da combalida companhia aérea passa ser de cinco aeronaves – queda de 80% desde dezembro, quando a Avianca pediu recuperação judicial .
A decisão foi concedida pelo juiz Daniel D'Emidio Martins, da 38ª Vara Cível do Tribunal de Justiça de São Paulo. A alegação é de que a Avianca deve mais de US$ 2 milhões (cerca de R$ 8 milhões) à Wells Fargo em aluguéis atrasados. A companhia tem até cinco dias para cumprir a medida judicial. Nesta quarta-feira (8/5), a companhia conseguiu reverter decisão para confiscar quatro aviões alugados pela fabricante europeia Airbus .
O confisco da aeronave da Wells Fargo deve complicar ainda mais a situação financeira da Avianca Brasil. Desde o início de abril, a companhia já cancelou mais de 3.000 voos. A dívida total da companhia supera R$ 3 bilhões, praticamente todo o faturamento da empresa em 2018.
As consequências do aperto financeiro da Avianca chegaram aos funcionários. Os mais de 1.500 tripulantes da companhia aérea estão sem receber o salário de maio. De acordo com Ondino Dutra, presidente do Sindicato Nacional dos Aeroviários (SNA), os funcionários da companhia deveriam ter recebido até a quarta-feira (7/5).
– Os salários de todos, diárias de alimentação, vale-alimentação, dois meses de FGTS, férias. Tudo isso não foi pago. Há muita indefinição sobre o que fazer com a mão de obra que ficou excedente na empresa (com a redução de 80% na frota). Há desespero sobre o que vai acontecer – diz Dutra. Na semana passada, a Avianca Brasil demitiu 80 funcionários no aeroporto de Guarulhos, o maior do país . A companhia parou de operar no terminal há duas semanas.
Retomada do leilão
Para tentar sair do atoleiro, no fim da tarde de quarta-feira (8/5), a Avianca Brasil pediu à Justiça paulista a retomada do leilão de ativos que devia ter sido realizado na última terça-feira (7/5). Horas antes, o certame foi suspenso por causa de uma liminar judicial obtida pela prestadora de serviços aeroportuários Swissport, credora da companhia aérea, e acabou cancelado .
A petição de 16 páginas, assinada pelo escritório paulistano TWK, foi encaminhada na tarde de quarta-feira (8/5) ao desembargador Ricardo Negrão, da segunda câmara empresarial de São Paulo, autor da liminar suspendendo o leilão. Os advogados da Avianca argumentam que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), órgão federal regulador do setor, estava de acordo com o processo de recuperação judicial da companhia aérea. Por isso, pedem a autorização imediata do certame, etapa fundamental para a empresa sair da recuperação judicial e saldar parte das dívidas, atualmente acima de R$ 3 bilhões.
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A expectativa da empresa com o leilão suspenso na segunda-feira era levantar pelo menos US$ 210 milhões com a venda de Unidades Produtivas Isoladas (UPIs), espécie de ‘mini-Aviancas’ com os ativos mais lucrativos da companhia aérea, como 169 slots (autorizações de pousos e decolagens) em aeroportos concorridos como Congonhas, Guarulhos e Santos Dumont. As concorrentes Gol, Latam e Azul estavam habilitadas a dar lances.
Os advogados da Avianca Brasil sinalizam à Justiça a possibilidade de realizar o leilão e, em seguida, usar os recursos levantados para já pagar os credores. Ou, então, manter os depósitos sob tutela da Justiça até o julgamento da liminar da Swissport suspendendo o certame.
As opções visam acelerar a tramitação do pedido na Justiça, segundo fontes ouvidas pela reportagem. A próxima sessão do Tribunal de Justiça de São Paulo é na segunda-feira (13/5). A expectativa é que o caso seja apreciado pelos desembargadores diante da grave situação financeira da companhia aérea.
Procurada, a Avianca não comentou.
Fonte:
https://oglobo.globo.com/economia/avian ... s-23653876