Aproveitando para contar um "causo"....
Não lembro o ano, mas era o vôo RG 204 (snme) que saía do GIG escala em BSB e destino MAO.
Como todo guri, para mim viagem de avião era sinônimo de aventura e foi com esse espírito que cheguei ao então Aeroporto Galeão.
Feitas as formalidades documentais (como anunciava aquela voz maravilhosa pelos aeroportos), fomos para a sala de embarque.
Digo fomos, porque eu estava com a família toda, uma vez que era nossa volta das férias.
Fico como adesivo em vidro, "colado" vendo o movimento dos aviões.
Absorto nessa "atividade" não notei que o tempo já havia passado e muito. Ou seja, vôo atrasado.
Fui "despertado" pelo chamado do meu pai. Tínhamos que ir para outra área.
Descemos umas escadas e, grande surpresa, revista geral!!!
Mulheres para um lado, homens para outro e todo mundo em fila indiana.
Devagarinho aquela gente toda foi passando pela revista da PF.
Se encontraram alguma coisa, não sei.
Mas eu estava achando ótimo aquilo tudo. Era como se fosse um filme.
Da revista, embarcamos nos ônibus que nos levariam ao avião.
Só então notei que o DC10 estava numa posição estranha, isolado dos outros. Hoje, sei que ele estava numa remota.
Mas o que me chamou atenção foi um monte de pontinhos pequenos logo atrás "da roda" do avião.
Quando chegamos mais perto, descobri o que eram os tais "pontinhos". Todas as bagagens (malas, caixas, ispopores, sacolas, etc) estavam no chão.
Quando descíamos do ônibus, alguém dizia: "Verifiquem quais são suas bagagens. À medida que forem identificando coloquem próximos daquela escada." E apontava para uma escada na parte da frente do DC10.
Como eu não tinha que procurar nada, meu pai iria fazer isso, fiquei com "tempo de sobra" para "vistoriar" o avião. E com a curiosidade típica de quem tem perto dos 10 anos, cada parafuso do DC10 foi olhado de ponta a ponta.
Para mim, foi uma grande oportunidade. Afinal quem já havia ficado tão perto de um avião, tocando nos pneus, achando o DC10 um "monstro" de grande, etc.
Quando finalmente entramos no avião, haviam algumas peças no teto (perto das luzes de leitura) que estavam meio fora de lugar. Como que mal encaixadas.
Só quando chegamos em Manaus que finalmente perguntei ao meu pai porque tudo aquilo e ele respondeu:
"Houve uma ameaça de bomba. Desmontaram e remontaram o avião e nós fomos revistados e tivemos que identificar as nossas malas para podermos embarcar."
Então foi isso, uma "simples" ameaça de bomba em um avião da VARIG fazendo vôo nacional no início da década de 80.
Mas para mim, com cerca de 10 anos, foi a coisa mais maravilhosa do mundo.
Fazer o que? Coisas de guri....
Lúcio Cavalcanti