Gol enquadra Varig
Visual renovado e novos aviões - a mais tradicional companhia aérea do País tenta voltar à cena. Mas a sucessão das dívidas preocupa os Constantino
Link : http://www.terra.com.br/cgi-bin/index_f ... 9641-1.htm
DANIEL LEB SASAKI
ANTES E DEPOIS:
a nova estrela da Varig deve ficar menos dourada e mais laranja do que no logotipo atual
Passaram-se cinco meses desde que a família Constantino de Oliveira, acionista majoritária da Gol, comprou a Varig. Desde então, pouco se fala do negócio, sobretudo devido aos últimos capítulos da crise nos aeroportos. Mas não se engane: nos corredores do grupo, a atividade está mais intensa do que nunca e, em poucas semanas, a Varig virá a público para anunciar uma profunda reestruturação. Mudança número um: a empresa atualizará completamente seu visual, o que inclui desde os uniformes até a pintura das aeronaves. É segredo mantido a sete chaves pela companhia e pela agência contratada para fazer o trabalho, a DM9DDB, mas uma fonte que acompanha o processo adiantou detalhes à DINHEIRO. "Eles vão otimizar custos. Na pintura, nada de extravagâncias. Os aviões perderão a barriga azul. Os motores e toda a fuselagem serão brancos, como na Gol. A tipologia do nome Varig será levemente alterada e ao lado ficará a bandeira do Brasil", diz. Mas a grande mudança será no logotipo: "Pode esperar uma estrela maior, talvez vazada, conceito que a JAL, a United e a Delta adotaram." Claro, uma estrela menos dourada e mais laranja, semelhante à cor oficial da Gol. A ilustração no início da matéria é uma simulação, mas se baseia na descrição da fonte. "A Varig é um nome forte, mas estamos fazendo uma adequação à realidade em que ela vai viver e isso requer algumas mudanças importantes", avisa Murilo Barbosa, diretor de marketing. Lincoln Amano, o diretor comercial, completa: "Nosso foco será voltado para modernidade, conforto e uma gestão eficiente, de forma a ter os custos bem administrados para poder competir com todo mundo."
Nenhum dos dois executivos confirma a data da apresentação do novo visual ou o valor investido. Mas o prazo de entrega dos próximos Boeing 767 dá uma idéia de quando a novidade virá a público. Um deles chega ainda em agosto. Um segundo, em setembro. É justamente no momento em que a Varig precisa resolver a sua maior prioridade: a retomada de rotas que estão suspensas há mais de um ano e sob risco de cancelamento pela Anac. Hoje, a companhia conta com 19 aviões. Até o fim do ano, receberá mais 13 equipamentos, todos da Boeing. Investimento de R$ 60 milhões. A meta é chegar a 42 aeronaves em 2012. A Gol conseguiu driblar a escassez de jatos no mercado, para, em 20 de setembro, iniciar uma verdadeira corrida contra o tempo. "Começaremos os vôos para Paris e Roma, saindo de São Paulo. Em outubro, será a vez de Madri", conta Amano. Em novembro, a empresa reativará as linhas de Santiago e Cidade do México e, em 2008, voltará para os EUA e possivelmente inaugurará uma rota para a China. No médio prazo, mais novidades: o grupo abrirá uma concorrência entre Boeing e Airbus para escolher entre os novos 787 Dreamliner ou A350 - os aviões mais modernos do mundo. A Varig também reforçará as vendas pela internet. As salas VIP nos aeroportos internacionais serão aprimoradas. Oferecerão serviço premium para clientes da classe executiva e os de maior pontuação no Smiles, o programa de milhagens da empresa. Muito luxo e conforto, mas nada de desperdícios.
Tudo parece ótimo, mas há arestas a aparar - algumas bem difíceis e inesperadas quando Constantino desembolsou US$ 320 milhões pela Varig. O fantasma que mais aflige o grupo é a possibilidade de herdar os débitos da antiga Varig, coisa na casa dos bilhões de reais. No início de agosto, o governo argentino proibiu a Nova Varig de operar no país, sob a alegação de que não está com a documentação em dia. As razões, no entanto, teriam mais a ver com problemas trabalhistas com funcionários locais oriundos da Varig antiga. E embora a Gol trabalhe para driblar a questão da sucessão, fontes ligadas ao setor afirmam que o grupo já assumiu débitos cobrados por aeroportos europeus, o que abre uma premissa importante para os credores. "As autoridades portuárias examinaram e viram se tratar de uma sucessora. A Varig do Constantino aceitou arcar com uma dívida de 6,5 milhões de libras para manter os slots em Heathrow (Londres) e pagou US$ 5 milhões aos franceses por Orly (Paris)", diz a fonte. Até o fechamento desta edição, a empresa não havia confirmado as informações. O que confirmou em balanço foi um resultado não tão bom: o grupo Gol apresentou prejuízo líquido consolidado de R$ 35,4 milhões, em parte atribuído à incorporação dos resultados da Varig, cuja taxa de ocupação média ficou em 52,3%. Como se vê, ainda há muito trabalho pela frente.
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