Lucro no céu, preços na terra

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Lucro no céu, preços na terra

Mensagem por PB26 »

Lucro no céu, preços na terra
January 2, 2006 4:05 a.m.

Por Susan Warren
The Wall Street Journal

Tida na história da aviação como a pequena notável que virou o setor de cabeça para baixo, a Southwest Airlines — a companhia aérea americana que serviu de modelo para muitas outras, como a brasileira Gol — tem sido capaz de oferecer tarifas baixas porque mantém seus custos baixos. Um programa bem executado de hedge com combustível justamente quando o preço do petróleo decolou ajudou-a a garantir a lucratividade enquanto outras grandes empresas aéreas reportavam grandes prejuízos.

Agora, a Southwest é vítima do próprio sucesso. Imitadoras que crescem rapidamente aumentaram a participação delas no mercado americano de 7% em 2000 para 15%.

Para concorrer nessa nova área de passagens baratas, companhias tradicionais como a Continental Airlines e a American Airlines estão cortando custos e melhorando a produtividade para diminuir a diferença com a Southwest.

As rivais também estão ficando mais ferozes, e prometem brigar com a Southwest, em vez de recuar quando a empresa entrar em novo território. "Há um grande alvo pintado nas nossas costas", comentou recentemente Ed Stewart, um porta-voz da Southwest.

Isso está deixando o trabalho de Gary Kelly mais difícil. Desde que assumiu a presidência executiva da Southwest, em julho de 2004, Kelly, de 50 anos, tem forjado uma reputação de chefe ativo, marcando novo território e iniciando batalhas competitivas que chacoalharam a indústria.

Mas a companhia está sentindo seus 35 anos de idade, com custos salariais subindo junto com as despesas relacionadas a uma frota com mais de 400 aviões. Com o benefício do hedge de combustível começando a ser comido, Kelly tem de continuar apertando os gastos e, ao mesmo tempo, manter a cultura acolhedora da Southwest que criou alguns dos empregados mais leais do setor. A habilidade dele em fazer isso vai ser fortemente testada quando a empresa tiver de negociar novo contrato com seus pilotos no ano que vem. A saúde financeira da empresa e sua longa e contínua série de lucros trimestrais pode tornar difícil segurar salários e benefícios.

Em várias entrevistas que deu recentemente, Kelly revelou a própria visão a respeito do futuro da indústria e o que pretende fazer para manter a Southwest na liderança. A seguir, trechos dessas entrevistas:

WSJ: A aviação civil está passando por mudanças radicais. Como a Southwest está tratando isso?

Kelly: Quinze anos atrás, quando éramos a única empresa de baixo custo e passagens baratas, podíamos ter mais paciência para desenvolver nossos mercados. Não havia ninguém no nosso nicho. Tivemos uma grande vantagem de custos. Há cinco anos reconhecemos que isso mudaria.

Agora muitas empresas aéreas competem no nicho de passagens baratas e com estruturas de custo mais eficientes do que vislumbramos 15 anos atrás. É provável que alguém seja bem-sucedido e se torne um concorrente temível para nós no longo prazo. Esse é o futuro. Mas não estamos lá ainda. Ainda não temos nenhum concorrente significativo, de nenhum tamanho.

WSJ: Se todas as empresas aéreas passarem a ser de baixo custo e vender passagens baratas, a Southwest não perde seu diferencial?

Kelly: Não, simplesmente porque, no fim das contas, nosso setor é um negócio de prestação de serviços, e nós temos o melhor pessoal para prestar esse serviço especial ao cliente. É claro que, quando a diferença entre as empresas diminui em termos de tarifas, temos de agir para nos diferenciarmos das outras. Mas essa é nossa principal vantagem. Desde que o Departamento de Transportes dos EUA passou a coletar e publicar estatísticas operacionais, nos sobressaímos em pontualidade, manejo de bagagem, o menor número de reclamações e de vôos cancelados. Além disso, ainda somos líderes em custo e tarifas baixos nos EUA.

WSJ: O sr. está dizendo que a Southwest não precisa mudar seus planos?

Kelly: Mudar é inevitável. Hoje somos uma empresa aérea diferente do que éramos cinco anos atrás, por causa de mudanças na concorrência, nos aeroportos e nos preços do combustível. Nós empregamos nova tecnologia, atualizamos nossa frota e melhoramos o uso de nossos ativos e a produtividade dos funcionários. Tenho certeza de que vamos incorporar mudanças nos próximos cinco anos enquanto nos preparamos para um petróleo bem mais caro.

WSJ: Como a Southwest vai concorrer em vôos de longa distância com outras empresas aéreas que oferecem mais amenidades por passagens com o mesmo baixo preço?

Kelly: Acho que temos um ótimo produto, seja para curta ou longa distância. Mas estamos avaliando cuidadosamente melhorias em potencial de olho em vôos de longa distância. Toda companhia que entra num novo mercado ou introduz um novo produto diz que tem a melhor oferta. Sabemos que as pessoas pesquisam primeiro por preço e isso nós temos. Temos a mais simples estrutura de tarifas que existe — não cobramos nenhuma tarifa dos passageiros que mudam seus itinerários. Há muitos valores que trazemos para o mercado.

WSJ: A Southwest tem atualmente alguns dos trabalhadores mais bem pagos do setor, num momento em que é ainda mais importante controlar custos. O que isso representa para as negociações trabalhistas do ano que vem?

Kelly: É verdade, nosso funcionários são bem pagos. Eles produzem a mais eficiente, mais lucrativa empresa aérea com o melhor serviço ao consumidor e merecem compartilhar a riqueza. No entanto, não é nosso objetivo ser a companhia aérea "que paga mais".

No futuro, nossos salários, como sempre, terão um papel na nossa lucratividade, que se baseia na nossa capacidade de manter custos baixos. Se nossos concorrentes reduzem seus salários a ponto de pôr em risco nossa posição de passagens baratas, isso seria um problema que teríamos de enfrentar de uma forma ou de outra. A mesma coisa se o preço do petróleo sobe a um nível que nos deixa sem lucro. Nossos funcionários sabem como é a indústria da aviação. Tenho confiança que eles farão o que for necessário para manter a Southwest no topo. Eu consideraria um fracasso se tivesse que chegar para nossos empregados e dizer-lhes que eles terão corte de pagamento.

WSJ: Quais as perspectivas para a Southwest fazer vôos internacionais?

Kelly: Acho que vamos acabar fazendo vôos internacionais. Nosso primeiro passo provavelmente será código compartilhado (code share, um acordo que permite a duas companhias aéreas expandir suas rotas por meio da venda de passagens uma da outra como se fossem delas próprias). Mas nosso foco é doméstico e não queremos perdê-lo.

Um abraço!
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