Aeromóvel será inaugurado neste sábado

[Fernando C. Milke]

Porto Alegre - 09/08/2013 15h57
Atualizado em 09/08/2013 16h03

Aeromóvel será inaugurado neste sábado pela presidente Dilma

Veículo tem capacidade para transportar até 150 passageiros

Porto Alegre - A inauguração oficial do Aeromóvel A 100 está prevista para ocorrer, neste sábado, às 10 horas, com a presença da presidente Dilma Rousseff, governador Tarso Genro entre outras autoridades, segundo o núcleo de comunicação da Trensurb. O engenheiro e idealizador do Aeromóvel Oskar Coester declarou que a partir do lançamento oficial, o veículo estará apto para transportar 150 passageiros. Já para setembro chegará o segundo veículo A 200, que transportará 300 passageiros. O trajeto inclui a Estação Aeroporto da Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre (Trensurb) ao Terminal 1 do Aeroporto Internacional Salgado Filho.

DIARIO DE CANOAS

[Eduardo C. Milke]

Um mineiro inventou o avião; um gaúcho inventou o aeromóvel – E viva o invento brasileiro!

No começo da década de 60, Oskar Coester, um técnico aeronáutico da Varig, recebeu um desafio de Rubem Berta (presidente da Varig na época) :

Criar um sistema de transporte urbano que poderia conduzir os passageiros dos centros das grandes cidades (na época Rio e São Paulo) até os respectivos aeroportos em menor tempo do que o voo entre as mesmas cidades!

Oskar Coester estabeleceu as seguintes premissas básicas:

O sistema teria que ser elevado ou subterrâneo e em via exclusiva.

Custo de implantação e operação extremamente baixo, seguro, confortável, confiável e rápido, além de ser “ecologicamente correto”.

Na época não existia nenhum sistema com essas características.


Tempos depois, ao observar um vagonete que rodava sobre os trilhos, movido a vento como um barco, pela adaptação de um mastro e uma vela, com a função de transportar pessoas de uma ponta a outra no trapiche do porto de Rio Grande/RS, Coester teve ali sua grande inspiração.

Mas de onde viria o vento de forma constante e controlada para a propulsão?

Para isso, bastaria inverter a posição da vela e colocá-la dentro de um duto onde se sopraria o vento produzido por um ventilador industrial comum acionado por um motor elétrico trifásico de corrente alternada de baixa voltagem.

E mais: a parte superior do duto de concreto, elevado sobre estreitos pilares, também serviria para se assentar os trilhos onde se faria a rolagem do veículo em via totalmente exclusiva.

Por que elevado? Para se ter um custo de implantação muito menor do que um sistema enterrado e evitar conflito com o trânsito de superfície, o que conferiria total mobilidade, velocidade e segurança.

Pronto: estava inventado o aeromóvel, o sistema elevado para o transporte urbano de passageiros.

Em maio de 1977, testou um vagonete sobre trilhos carregado com sacos de areia. Nesta altura, sua fama já corria o Brasil.

Em 1979, Jorge Franciscone, diretor da extinta EBTU (Empresa Brasileira de Transporte Urbano), resolveu apostar na ideia. Garantiu US$ 4 milhões para a
construção da via experimental em Porto Alegre, no Gasômetro, que passou a funcionar em caráter experimental em 1983.

Porém, o projeto não foi concluído em função da troca no Ministério dos Transportes, onde Cloraldino Severo substituiu o então ministro Eliseu Resende e arquivou o projeto.

Cloraldino Severo ao assumir o ministério proibiu todos os funcionários de falarem sobre o assunto, inclusive mandando destruir todo o material informativo sobre o aeromóvel existente no Ministério e na EBTU.

Os primeiros ensaios foram realizados na residência do inventor, com um aspirador de pó e um carrinho de brinquedo de um dos quatro filhos.

No segundo modelo, Coester acoplou rodas de lambreta a uma cadeira.

Ambos os experimentos funcionaram excepcionalmente bem, acima de qualquer expectativa.

Em 1984 Cloraldino Severo foi convidado a dar explicações à sociedade gaúcha sobre os motivos que o levaram a boicotar o projeto na Assembleia Legislativa.

Ele disse ter suspendido o financiamento ao projeto por não acreditar que um “alemãozinho”, em uma oficina de fundo do quintal, pudesse desenvolver um sistema de transporte coletivo de passageiros que viesse a competir com os sistemas já em uso, produzidos pelas grandes empresas multinacionais.

Nesta época, Coester não trabalhava mais para a Varig, sendo diretor presidente de sua própria empresa, a Coester S.A., especializada na produção de sistemas de navegação automática e controle de leme para a marinha nacional e estrangeira.

Baseado na engenharia de aviação, o veículo do sistema aeromóvel tem quatro vezes menos “peso morto” em relação à carga útil transportada, comparado com qualquer vagão ferroviário.

O sistema também dispensa a necessidade de condutor e as manobras são feitas nas estações por controle remoto computadorizado. Tem freio a disco nas rodas só para estacionamento, pois o principal meio de parar o comboio é inverter o seu sistema de propulsão, que altera a direção do fluxo de ar em movimento no ventoduto sob os trilhos.

Desde 1989 o aeromóvel funciona em uma linha de 3,5km na cidade de Jakarta (Indonésia).


Um pouco de história da engenharia mecânica no Brasil!

Abraço!
Eduardo C. Milke.

[Augusto Bilhalva Goulart]

37 milhões... 800m de pista...

[Eduardo C. Milke]

Sim, Augusto.

Pode parecer caro, mas a título de comparação, o custo de 1km
de mêtro enterrado é estimado entre R$ 160 e R$ 380 milhões,
dependendo de desapropriaçãoes, tipos de solo, etc.

Meus parabéns a Porto Alegre!

Espero que outras cidades e aeroportos utilizem este sistema de transporte!!!

[Fernando Basto]

Tomara que esse sistema de transporte possa fazer parte da realidade de outras (muitas) cidades brasileiras ! Parabéns a POA !!!