Nova gestão da Varig recebe a mesma mensagem: governo tem pr

[MARR]

10/05/2005 - 22h09
Nova gestão da Varig recebe a mesma mensagem: governo tem pressa

BRASÍLIA (Reuters) - A nova cúpula da Varig reuniu-se nesta terça-feira por cerca de três horas com o vice-presidente da república, José Alencar, e saiu do Planalto com a mensagem clara de que o governo tem urgência na solução da crise da companhia aérea, segundo fontes. O pedido de prazos mais flexíveis para pagamentos a credores, por exemplo, deve encontrar resistências.

Alencar, que é também ministro da Defesa, já havia cobrado da antiga diretoria da Varig mais rapidez na escolha de um novo controlador que injete recursos na empresa. A nomeação de novos gestores nos últimos dias não garantiu, portanto, prazo maior para pôr a casa em ordem num momento em que a companhia perde mercado para concorrentes.

O novo presidente do Conselho de Administração da Varig, David Zylbersztajn, apresentou nesta tarde a Alencar cerca de dez propostas de grupos interessados em assumir a Varig, mas nenhuma delas foi eleita imediatamente. Novo encontro com o ministro está previsto para a próxima semana, e até lá esperam-se avanços nas propostas.

A empresa portuguesa TAP, por exemplo, já mostrou interesse em adquirir 20 por cento da Varig, mas esse é o máximo permitido pela legislação brasileira a empresas estrangeiras. Entre outros interessados estariam os empresários brasileiros Nelson Tanure e German Efromovich.

O sentimento no governo, segundo fonte ligada ao assunto, é de que não há mais espaço nas estatais para abrandar a cobrança de dívidas depois de tanto tempo sem uma solução definitiva para a empresa, que tem patrimônio líquido negativo de mais de 6 bilhões de reais. Entre os principais credores estão a BR Distribuidora e a Infraero, com quem a Varig deve ter reuniões nos próximos dias, segundo a fonte.

"A gente espera um pouco mais de vontade", afirmou Zylbersztajn a jornalistas após o encontro, do qual participou também o novo presidente da Varig, Henrique Neves. "Não estamos pedindo nada em termos de favorecimento, mas um tratamento equilibrado. Na prática, são prazos um pouco maiores", disse.

Segundo Zylbersztajn, não foi discutida ainda a possibilidade de haver demissões na Varig, hoje com cerca de 17 mil funcionários.

Ao deixar a reunião, o vice-presidente Alencar mostrou certo otimismo, mas foi breve. "Estou muito bem impressionado com tudo e acredito que agora vamos chegar a bom termo", limitou-se a dizer.

(Por Patrícia Duarte, colaborou Denise Luna)