Aeródromo Regional de Estrela/RS é reaberto

[Fernando C. Milke]

Aeródromo Regional é reaberto com promessa de desenvolvimento

Cerimônia histórica contou com a participação de autoridades da região, empresários e profissionais da área da aviação

Quarta-feira , 22 de Novembro de 2017 08:18

Estrela - Na manhã de ontem foi reaberta uma das estruturas do Vale com maior potencial para o desenvolvimento da região. Em cerimônia que contou a participação de lideranças regionais, empreendedores e aviadores, o otimismo e a perspectiva de desenvolvimento regional estavam no ar. Na cerimônia, autoridades falaram sobre a importância da reabertura das pistas para o Vale do Taquari, destacando o papel das parcerias público-privadas.

O diretor da Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Econômico (Seplade), Guilherme Engster, destacou o trabalho realizado desde janeiro, quando o envolvimento com o projeto de reabertura ficou mais intenso. Trâmites morosos junto aos órgãos superiores motivaram o engajamento e insistência por parte de governo de Estrela para levar a situação adiante, comenta. "Muitas vezes mandava um e-mail de manhã e ligava de tarde", destacou. Segundo ele, a importância do aeródromo é regional, e o desenvolvimento econômico do Vale é uma perspectiva que ganha mais um aporte a partir de agora.

O diretor-presidente da Costaneira, Donald Johann, falou em nome dos empresários da região. Ele, que é proprietário de um dos hangares, indica a relevância do empreendimento. Ele lembra que a história da aviação no Vale do Taquari é antiga. "O primeiro aeródromo foi construído na década de 1940, na área que hoje é ocupada pelo Porto de Estrela", observa. "Por um período longo, ficamos sem aeródromo". Em 1990, no entanto, foi fundada a nova estrutura, interditada 2006, há 11 anos.

"Hoje o aeródromo é uma realidade", comemora. A reabertura da estrutura, com as melhorias realizadas, facilita o transporte na nossa região, e pode abranger usuários de todo o país. "Nossa região é desenvolvida, é industrial e imprescinde de um aeródromo", comenta Johann. O transporte aéreo de pequeno porte é importante para a região. "O aeródromo não existe apenas para que as aeronaves locais se locomovam, saindo da região em viagem. Mas principalmente para permitirem que milhares de aeronaves do Brasil possa vir para nossa região", finaliza ele. Reuniões de negócios poderão ser realizadas de forma mais prática, visita de autoridades e o trânsito de órgãos e pacientes entre hospitais também.

A Seplade, de Estrela, foi a secretaria responsável por levar o projeto adiante. O secretário Paulo Finck lembrou da primeira reunião, realizada em 9 de janeiro, quando ele e a equipe foram chamados pelo prefeito Rafael Mallmann para conduzirem as tratativas. "Foi um trabalho muito difícil, em razão dos entraves burocráticos que ocorreram no meio do caminho". No entanto, agora, ele comemora: "Tínhamos esse propósito e atingimos a meta - que é a meta de desenvolvimento". Ele ressalta que foi um trabalho de muitas mãos a reabertura das pistas, no início, um objetivo ainda distante. Para ele, a gestão com cooperação entre diversos entes permitiu que a região vencesse as burocracias com a ajuda das parcerias.

Em nome da Associação dos Municípios de Turismo da Região dos Vales (Amturvales), o presidente, Rafael Fontana, salientou que o aeródromo se destaca em muitos aspectos, em especial, ele frisa a importância para o turismo e para a área da saúde.

O espaço agrega valor à região, segundo o presidente. "A parceria público-privada, quando o governo faz a intermediação, incentiva e resolve as burocracias e o empreendedor faz o investimento", evidencia. Para Fontana, a obra tem uma conotação regional: "O Vale reunido em prol de seu desenvolvimento", diz.

O reitor da Universidade do Vale do Taquari - Univates, Ney Lazzari, podia olhar para parte da estrutura da instituição enquanto proferia seu discurso. Do aeródromo, situado na Linha São José, em Estrela, às margens do Rio Taquari, é possível ver parte do Estádio Olímpico e do Centro Cultural Univates. Lazzari defende que o evento de abertura tem um simbolismo importante para a região, por ser uma das iniciativas conjuntas gestadas no Vale.

"A abertura do aeródromo é mais um desses momentos de celebração, do jeito que a gente faz e do jeito que levamos as coisas adiante nesta região". Lazzari comenta que, com as ferramentas que a região tem à disposição e os projetos conduzidos a partir daqui, fazem com que o Vale cresça e se desenvolva, trazendo cada vez mais qualidade de vida à população.

O último a se pronunciar foi o prefeito Rafael Mallmann, de Estrela. "Quando chegamos em momentos como esse, é um momento de agradecer". Ao destacar a presença de prefeitos de outros municípios da região, e ele enfatiza a perspectiva do envolvimento das gestões vizinhas com o projeto de reabertura do aeródromo. Para ele, o olhar regional das prefeituras é importante. Mallmann é outro que defende as parcerias como ponto positivo. "Temos aqui um exemplo prático daquilo que dá mais certo em termos gestão pública: as parcerias público-privadas", fala. O prefeito ainda se comprometeu a levar adiante os projetos de asfaltamento da pista e de expansão da estrutura do aeródromo, para atrair negócios e desenvolvimento ao Vale do Taquari.

Relembre o caso

- O aeródromo de Estrela foi interditado por que havia risco no local. Uma rede elétrica foi instalada na área próxima a pista de decolagem e por isso, em 2006, a licença de funcionamento foi cancelada.
- Atendendo um pedido do Ministério Público de Estrela, a AES Sul Distribuidora de Energia foi notificada para realocar a rede de eletricidade.
- Em junho de 2013, o prefeito de Estrela, Carlos Rafael Mallmann, pediu ajuda a Assembleia Legislativa (AL) para alavancar o processo via governo do Estado. Na época, uma comissão municipal foi criada para dar sequência ao processo de reativação do aeródromo.
- Em setembro de 2013 foi realizada uma audiência pública em Estrela. Membros da Comissão de Economia e Desenvolvimento Sustentável da AL estiveram na região tratando do tema. Na época, foi levantada a necessidade do Plano Básico de Zona de Proteção de Aeródromos, já apresentado ao governo federal.
- Em junho de 2015, o Instituto de Cartografia Aeronáutica (ICA) aprovou o Plano Básico de Zona de Proteção de Aeródromos.
- O valor estimado para a reforma dos 540 metros da pista e sinalização do traçado foi de R$ 30 mil.
- Ontem, dia 21 de novembro de 2017, o espaço foi reaberto para pousos e decolagens.

O Informativo do Vale